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Quem sofreu na Itália e hoje vive no Brasil Joel Silveira, um olhar

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Quem sofreu na Itália e hoje vive no Brasil Joel Silveira, um olhar
A
M A I O R
M Í D I A
D A
C O M U N I D A D E
Í T A L O - B R A S I L E I R A
www.comunitaitaliana.com.br
Ano XII – Nº 89
ISSN 1676-3220
R$ 7,50
Rio de Janeiro, outubro de 2005
Especial II Guerra
Difícil
Recomeço
Quem sofreu na Itália e hoje vive no Brasil
Joel Silveira, um olhar sobre o front e os civis
Exclusivo: Planalto ignora apelo de padre extraditado em 80
COSE NOSTRE
Julio Vanni
DIRETOR-PRESIDENTE / EDITOR:
Pietro Domenico Petraglia
(RJ23820JP)
DIRETOR:
Julio Cezar Vanni
VICE-DIRETOR EXECUTIVO:
Adroaldo Garani
PUBLICAÇÃO MENSAL E PRODUÇÃO:
Editora Comunità Ltda.
TIRAGEM:
30.000 exemplares
ESTA EDIÇÃO FOI CONCLUÍDA EM:
13/10/2005 às 12:30h
DISTRIBUIÇÃO:
Brasil e Itália
REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:
Rua Marquês de Caxias, 31
Centro – Niterói – RJ – Brasil
CEP: 24030-050
Tel/Fax: (21) 2722-0181 /
(21) 2719-1468
E-MAIL:
[email protected]
SUBEDIÇÃO
Luciana Bezerra dos Santos
[email protected]
REDAÇÃO:
Giordano Iapalucci
(repórter especial),
e Nayra Garofle
REVISÃO / TRADUÇÃO
Cristiana Cocco
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:
Alberto Carvalho
FOTO DE CAPA
Arquivo do Exército Brasileiro
COLABORADORES:
André Felipe Lima – Ana Beatriz
Bonadiman – Franco Vicenzotti
– Braz Maiolino – Lan – Giuseppe
D’Angelo (in memoriam) – Pietro
Polizzo – Venceslao Soligo – Marco
Lucchesi – Domenico De Masi
– Franco Urani – Giovanni Meo Zilio
– Fernanda Maranesi – Giuseppe
Fusco – Beatriz Rassele
CORRESPONDENTE:
Guilherme Aquino (Milão)
Comunità Italiana está aberto às
contribuições e pesquisas de estudiosos
brasileiros, italianos e estrangeiros.
Os artigos assinados são de inteira
responsabilidade de seus autores, sendo
assim, não refletem, necessariamente,
as opiniões e conceitos da Revista.
La rivista Comunità Italiana è aperta ai
contributi e alle ricerche di studiosi ed
esperti brasiliani, italiani e estranieri. I
collaboratori esprimono, nella massima
libertà, personali opinioni che non
riflettono necessariamente il pensiero
della direzione.
E
Pelo bem da
humanidade
stá sendo veiculada na Itália uma publicidade do
Greenpeace onde aparece a imagem da destruição
provocada por um tornado e um texto que diz: “Ou
você defende o planeta ou ele se defende sozinho”.
Nunca a ecologia esteve tão em voga. Os já constantes fenômenos naturais, que deixam o homem impotente diante de sua força, nos levam à reflexão. Por
séculos descarregamos na atmosfera mercúrio liberado a partir da combustão do carbono, mesmo existindo tecnologia e métodos fáceis para frear essa poluição devastadora. Imagine ir ao médico e ele dizer
que 60% do seu corpo estão debilitados e mesmo assim você continuar com os mesmos hábitos que o
levaram a tal ponto. Pois é isso que emerge de uma pesquisa produzida por 1.300 cientistas de 95 países, publicada recentemente e intitulada Millenium Ecosystem Assessment. Nela consta que 15 dos 24
ecossistemas cruciais para a vida sobre a terra estão em estado de degradação ou de excessiva exploração. A própria CIA afirma que em 2015 três bilhões de pessoas viverão em áreas sem água, do Norte da
África até a China. Na Índia a previsão é de que daqui a dez anos a disponibilidade de água seja de até
75% inferior do que existe hoje. Nos países africanos o número de pessoas que morrem por desnutrição
aumentará em 20% nos próximos 15 anos. Na China setentrional o nível de água dos rios que irrigam
áreas de cultivo de cereais está baixando 1,5m ao ano e no Brasil a seca tem causado grandes estragos.
A situação é alarmante, mas não irreversível.
Outro dia conversava com uma escritora italiana e tive quase que levá-la a um posto para que ela
acreditasse que aqui existem carros que se locomovem a álcool. Por que isso não é divulgado para o
mundo? Por que nenhum governo ou partido confronta abertamente o uso do petróleo propondo formas alternativas de abastecer os motores? Por que os partidos verdes não
carregam a bandeira do combustível?
Óbvio que o lobby do petróleo é muito forte e os interessados (família
Bush, etc.) nos farão acreditar que renunciar ao petróleo causaria uma quebra financeira mundial. Por outro lado, qual político abrirá mão dos pomposos royalties e outras divisas derivadas do ouro negro para governar?
Uma simples campanha para a correta calibragem de pneus nos EUA
diminuiria em até 30% o consumo de combustível e, consequentemente,
a emissão de gases tóxicos.
É por essa razão que os americanos, que consomem 25% da produção
petrolífera do globo, se quiserem comprar um carro “flex” têm que ficar
numa fila de espera mais longa do que a de um transplante de rins.
Pietro Petraglia
Defendo a tese de que os países que mais poluem devem ser taxados
Editor
duramente, transferindo capital para os países mais pobres, pois, como
comentou um líder africano: “Quando os elefantes combatem, a erva sofre”.
alando em energia limpa, o presidente Lula está na Europa para, entre outros acordos, vender o biocombustível. Na Embaixada do Brasil em Roma, Lula vai se encontrar com líderes da sociedade civil
italiana e, ainda na capital da Itália, participa da homenagem aos 60 anos da Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), encerrando a agenda em reunião com industriais e sendo recebido pelo presidente Carlo Azeglio Ciampi. Os dois líderes terão, muito o que conversar para
tirar um atraso de três anos. Lula, desde que assumiu em 2003, nunca visitou a Itália.
ecuperar a desgastada imagem também está nos planos de Lula. A crise ecoa intensamente no exterior. Na Itália, não seria diferente. O processo de reintegração do padre italiano Vitor Miracapillo
- expulso do Brasil pelo governo militar em 1980 - está parado no Planalto, como o próprio sacerdote
conta em entrevista exclusiva: “Nunca recebi resposta do Lula”. O padre clama às autoridades brasileiras para que freiem os latifundiários, que estariam ameaçando o projeto social deixado por ele em
Pernambuco, quando foi extraditado.
ara recordar os 60 anos do fim da Segunda Guerra mundial, uma ampla reportagem sobre o conflito
que deixou a Itália sob ruínas. Dor, fome e descaso foram recordados em depoimentos contundentes
de historiadores, civis italianos da época, ex-combatente da FEB, correspondente de guerra e até de um
ex-soldado das tropas do Duce. Um documento histórico imperdível.
a edição 88, a extraordinária imigração italiana no Espírito Santo, ainda pouco conhecida no Brasil, foi recuperada por uma reportagem que rendeu à Comunità o carinho e homenagens do povo
capixaba. A todos, só nos resta agradecer e afirmar, com total convicção: nosso leitor é a nossa rigorosa
prioridade. A eles, a melhor informação... sempre.
F
R
P
N
EDITORIAL
Participe da Comunità
Caros leitores: gostaríamos de continuar partilhando com vocês a tarefa de aprimorar ComunitàItaliana a cada edição.
Portanto, aguardamos suas sugestões, comentários e críticas sobre os textos publicados.
ISSN 1676-3220
Filiato all’Associazione
Stampa Italiana in Brasile
2
Entretenimento com cultura e informação
COMUNITÀ ITALIANA
/
OUTUBRO 2005
BATISMO NA FAVELA
IMIGRAÇÃO
E
A
m homenagem a João Paulo II, a favela do Vidigal, na zona sul do
Rio de Janeiro, se chama agora “Comunidade Vidigal - João Paulo II”.
A Lei sancionada pela governadora do Rio, Rosinha Garotinho, perpetua
o gesto do Papa João Paulo II, que, em sua viagem ao Brasil, em 1980,
escolheu a favela para ser a primeira comunidade pobre do país a ser
visitada por ele. Num ato simbólico, transmitido ao mundo inteiro pela
televisão, o Papa doou o seu anel de ouro aos moradores do morro.
revista “Nossa História” deste mês traz um especial sobre a
imigração no Brasil. Em artigo sobre a imigração italiana, a
arquiteta genovesa Maria Pace Chiavari ressalta a importância
da fotografia para a compreensão dos desafios enfrentados pelos
italianos. Além disso, faz uma viagem entre registros das lentes
que vão do final do século XIX ao início do XX. “Nossa História”
é uma publicação da Editora Vera Cruz.
SAIA JUSTA, NEM PENSAR
MEDICINA PREVENTIVA
A
A
igreja parece sentir saudades da inquisição do século XVII. Ou pelo menos é o que parece acontecer com o pessoal de uma igrejinha
de Fano, na Itália. Caterina Bonci, 38 anos, foi demitida pela igreja por
ser “muito atraente” e se vestir de maneira muito “sexy”. Bonci lecionava religião na diocese há 14 anos. A igreja argumentou que a saída da
mulher foi motivada pelo seu estado civil, pois ela é divorciada e não
pelas suas roupas.
Sociedade Pestalozzi de Niterói promove de 28 a 30 de outubro, o Congresso Nacional das Federações Pestalozzi do
Brasil. Entre os convidados estão Leonaldo Falduto e Joana Maciel da Universidade SUIMS, de Turim, na Itália. Na ocasião será
assinado um convênio para a implantação na Faculdade Pestalozzi de um Centro de Medicina Preventiva e Esportiva nos padrões italianos.
BARRACO EM ROMA
ADEUS A SÉRGIO ENDRIGO
A
O
modelo Naomi Campbell gosta
mesmo de um ba-fa-fá. O alvo
dessa vez foi a atriz italiana Yvonne Scio. Segundo um tablóide inglês, Scio foi agredida a tapas, em
um hotel cinco estrelas em Roma,
na Itália. Em entrevista ao jornal,
a atriz afirmou que Naomi bateu
nela como se fosse “Mike Tyson”:
– Ela me empurrou contra a
parede e bateu no meu rosto, me
fazendo sangrar.
O teor da discórdia teria sido porque Naomi ficou brava por
achar que Scio estava roubando
trabalhos seus.
Ansa
FUNDADO EM MARÇO DE 1994
O
cardial Emilio Ruini exibe capa do livro “A revolução de
Deus”. A obra, uma espécie de oração de Bento XVI, foi
lançada com 350 mil cópias em 4 mil pontos de venda.
cantor e compositor romântico Sérgio
Endrigo morreu de câncer no pulmão,
em setembro, em Roma, na Itália. Endrigo
ficou conhecido no Brasil, nos anos 60,
por ser autor da canção “Per te”, com a
qual Roberto Carlos ganhou o Festival
de San Remo, em 1968. Outra conhecida canção é “Io che amo solo te”, que
embalou muitos namoricos mundo afora
nos anos de 1960 e 70. Endrigo nasceu
em Pola, Itália, em 15 de junho de 1933.
Filho de um cantor de ópera de algum
destaque, ele perdeu o pai muito cedo e
cresceu em grande pobreza, “uma pobreza
honrada, típica das famílias operárias daquela época”, reza sua biografia oficial.
‘CAIXA DOIS’, EU?!
A COISA TÁ FEIA...
NA ARGENTINA
O
M
D
premier italiano Silvio Berlusconi foi absolvido, em setembro, por um tribunal de
Milão em um caso de suposto “caixa dois”, na
década de 1990, na empresa All Iberian, que
pertencia ao grupo Finivest. Alfredo Zuccoti,
Giancarlo Foscale e Ubaldo Livolsi, três ex-altos
executivos da Finivest (da holding de Berlusconi) acusados do mesmo crime, foram igualmente absolvidos. Cerca de um bilhão de euros
havia transitado entre 1989 e 1996 no suposto
“caixa dois”, que teria financiado contas no exterior que serviam para operações ilegais, como
a corrupção de magistrados e a participação
em empresas cotadas sem respeitar as regras
da bolsa. A grana teria financiado ilegalmente
partidos políticos. A nova lei sobre crimes orçamentários, aprovada pela maioria conservadora
do governo Berlusconi, é mais tolerante que a
anterior, mudando de sete para quatro anos e
meio o tempo de prescrição do crime.
OUTUBRO 2005
/
ais de 2,5 milhões de famílias italianas vivem abaixo da
linha da pobreza, segundo os últimos dados do Instituto
Nacional de Estatística Italiana (Istat). O boletim, divulgado
no início de outubro, aponta a pobreza relativa, ou seja, a que
se determina em relação ao gasto médio mensal de uma família
de duas pessoas, cuja linha de pobreza foi fixada em 919,98
euros em 2004. Uma em cada 4 famílias no Mezzogiorno (sul
da Itália) vive na pobreza. No norte, os núcleos familiares
pobres são de 4,47% e no centro chegam a 7,3%
BEBÊ INDEPENDENTE
U
m restaurante da cidade italiana de Trento foi criado especialmente para bebês e crianças pequenas. O estabelecimento oferece papinhas e mamadeiras para os pequenos clientes. Além de alimentos, a casa disponibiliza também louças e
acessórios coloridos, babadores, esquenta-mamadeiras e uma
mesa especial para servir os pimpolhos, com jogos. Ah! tem
ainda um espaço para organizar festas de aniversário. Só falta
o nenenzinho dizer aos pais: “Vamos jantar fora hoje?”
COMUNITÀ ITALIANA
e 28 a 30 de outubro
acontece em Buenos
Aires o encontro entre os
toscanos no mundo. O Brasil
será representado por toscanos que vivem em São Paulo,
Minas Gerais, Rio Grande do
Sul e Rio de Janeiro. Entre os
temas discutidos está a integração dos jovens toscanos
do continente.
PARABÉNS!!!
O
cônsul geral da Itália,
no Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, completou no
dia primeiro de outubro, um
ano no comando da Casa
D´Itália do Rio.
3
PARLIAMONE
Opinione - Franco Urani
Dove sta andando la
produzione automobilistica
T
orino - Questo settore è mondialmente
in pieno fermento. Da una parte esistono sempre più fattori limitativi dello
sviluppo, quali il fabbisogno di petrolio
che cresce a dismisura specie per l’apertura dei
nuovi mercati (Cina e – tra breve – India ed Est
Europa) con i prezzi che vanno alle stelle, l’inquinamento ed il surriscaldamento del pianeta a
livelli sempre più allarmanti, come dimostrano i
cataclismi di quest’anno che sembrano motivati,
almeno in parte, dagli squilibri ambientali.
Dall’altra, l’anelito alla libertà di locomozione,
all’indipendenza, all’avventura, fa sì che l’umanità non rinunci alla motorizzazione familiare o individuale, ma cerchi di renderla compatibile con
le nuove situazioni e le sue possibilità.
Siamo ancora lontani dai motori puliti all’idrogeno per difficoltà di generazione e distribuzione, sempre più diffusi invece quelli a metano i cui prezzi peraltro avranno tendenza a
seguire quelli del petrolio, i carburanti derivati
da vegetali (alcol di canna, oli vari in aggiunta
al diesel) potranno essere un’alternativa sempre
più concreta in grandi paesi agricoli come il caso
del Brasile, anche se il rinnovamento indeterminato di queste risorse è aleatorio per l’inevitabile
esaurimento dei terreni coltivati, progressi con-
4
sistenti si stanno facendo nella motorizzazione
elettrica. In effetti, stanno entrando decisamente in commercio autoveicoli a combustibile alternativo, nei quali il funzionamento a carburante
derivato dal petrolio può essere immediatamente
convertito a alcol o metano (i flex brasiliani), o
a energia elettrica accumulata in capaci batterie
(alcuni modelli della giapponese Toyota). Da notarsi poi che, specie in Europa e Giappone, ormai
oltre la metà delle vetture – e anche quelle di
lusso – offrono motorizzazioni diesel che hanno
fatto progressi impressionanti nei consumi, silenziosità, rendimenti, basso indice di inquinamento; emblematico, al riguardo, la FIAT 1300 turbo
di 70 HP, costruita in Polonia in associazione con
la GM, i cui consumi sono mediamente di 18/20
Km. per litro e che non ha normalmente necessità
di revisioni prima dei 250.000 Km...
A questa diversificazione, destinata a sempre
più accelerarsi con le moderne tecnologie, deve
appunto corrispondere la parsimonia nei consumi
per motivi economici (il petrolio è ormai a quasi
70 dollari al barile), la compatibilità ambientale
in quanto ormai è impellente una seria difesa del
nostro tartassato pianeta che dovrà venire regolamentata con sempre maggiore severità, l’ingombro limitato per decongestionare il traffico citta-
dino e, per un volume crescente di nuovi veicoli,
la convenienza del prezzo – compatibilmente alle
norme di sicurezza - per renderli accessibili alle
possibilità delle classi popolari e dei giovani.
E cioè, fenomeni assurdi di automezzi costosi, ingombranti, inquinanti diffusi soprattutto in Nord America anche per il basso costo del
carburante locale, sembrano ormai entrare in
irreversibile declino, mentre la nuova tendenza
mondiale si sposterà sempre più verso vetture di
classe economica o quantomeno adeguata all’effettivo fabbisogno, costruite – dato il contesto
di forte concorrenza – là dove il costo di produzione sarà più conveniente e privilegiando quanto più possibile, sempre per motivi economici, la
collaborazione industriale tra marche diverse per
l’unificazione delle piattaforme, motori, cambi e
indotto in generale.
Vale la pena citare quanto sta avvenendo
nell’area emergente dell’Est Europeo recentemente integrata all’Unione Europea, il cui nuovo
Eldorado automobilistico si chiama Repubblica
Ceca, Polonia, Slovacchia, Ungheria, Romania,
in attesa che anche Lettonia ed Estonia diano
sufficienti garanzie di affidabilità industriale.
Si riportano di seguito alcune di queste nuove operazioni industriali in corso: la TOYOTA e
la PSA (Peugeot/Citroen) hanno inaugurato a
fine maggio il loro stabilimento di Kolin presso
Praga per 3 tipi gemelli di city-car (varia solo qualche particolare estetico). Si tratta di un
impianto costato 1,3 miliardi di Euro, impiega
3.000 dipendenti e sfornerà 300.000 automobili
all’anno. All’Ungheria si sono rivolte la AUDI per
il modello TT, la VW per motori, la RENAULT con
NISSAN e DACIA, e la SUZUKI con la FIAT per la
produzione di un piccolo SUV. In Romania, la
stessa RENAULT ha iniziato le produzioni del suo
modello low cost LOGAN, mentre in Slovacchia
sono in fase avanzata stabilimenti VW, PSA e
della coreana KYA-HYUNDAI.
La FIAT è tradizionalmente presente in Polonia, dove già assemblava negli anni ’30 Balilla
e Topolino. Nel modernissimo stabilimento di Tichy fabbrica oggi il suo world car PANDA ed è
stato ora firmato un protocollo di intenzioni tra
FIAT e FORD per fare qui, su una piattaforma derivata appunto dalla PANDA, i city-car Fiat 500
e Ford KA, una collaborazione industriale che
potrà forse espandersi in futuro. Mentre – come
detto – con la GM va a gonfie vele la fabbrica dei
modernissimi motorini diesel.
Gli esperti prevedono che, dal 2010, una delle
nuove frontiere dell’auto sarà appunto nell’Europa
centrale che dovrebbe allora assorbire non meno
di 1,5 milioni di veicoli all’anno in 13 siti produttivi, oltre ad altri 10 per la fabbricazione dei motori. Gioca a favore – oltre al mercato potenziale
- la localizzazione ed i costi ridotti. Costruire all’Est costa molto meno: c’è fame di lavoro, operai
efficienti, assenteismo nullo, sindacati tolleranti,
notevoli i concorsi finanziari pubblici. Fatti questi che giocheranno in modo decisivo all’integrazione nell’Unione Europea di questi Paesi, dopo il
lungo periodo comunista.
Analoghi sviluppi presenta, nei paesi emergenti e a clima tropicale, il mercato dei motocicli la cui evoluzione tecnica – guidata dai
giapponesi e con buone presenze italiane – è
altrettanto rapida.
COMUNITÀ ITALIANA
/
OUTUBRO 2005
con l’Avvocato Giuseppe Fusco
[email protected]
I cittadini italiani residenti all’estero e i diritti sociali
L
’Assegno Sociale (qualcuno lo vuole chiamare l’Assegno di Solidarietá) non spetta al cittadino italiano privo di mezzi economici
che risiede all’estero. Per commettere questa ingiustizia i burocrati
hanno fatto proprio un discutibile principio secondo il quale l’Assegno Sociale, la Pensione Sociale, le prestazioni di natura assistenziale e l’indennità di accompagnamento non sono esportabili
all’estero.
Parlando soprattutto dell´Assegno Sociale dicevo che il principio di non
esportabilità è anticostituzionale.
Mi hanno chiesto di chiarire questa affermazione. Lo faccio senza la
pretesa di atteggiarmi a costituzionalista, ma utilizzando – anche forse
superficialmente – le poche cose che so.
Allora, perché la non esportabilità dell’assegno sociale è anticostituzionale?
Dunque, parliamone.
Un principio consolidato dice che non è possibile distinguere i diritti politici e di cittadinanza da quelli sociali, economici, previdenziari
e assistenziali.
Di fatto, ancora prima di essere codificati, essi costituiscono
l´essenza stessa dei diritti senza i quali la propria dignità della persona
è gravemente ferita. Non a caso la Costituzione li inserisce nel corpo
dei Principi Fondamentali, la cui esigibilità e tutela non sono subordinate al requisito (meramente burocratico/amministrativo) della stabile
residenza nel territorio della Repubblica.
Una volta riconosciuti i diritti civili e politici, il cittadino residente all`estero (un mero accidente che non cambia l’essenza) diventa titolare dei diritti sociali, in regime di uguaglianza con i residenti
in Italia, anche alla luce dell’art. 3 capoverso della Costituzione: “è
compito della Repubblica rimuovere gli ostacoli di ordine economico e
sociale che, limitando di fatto la libertà e l’uguaglianza dei cittadini,
impediscono il pieno sviluppo della persona umana e l’effettiva partecipazione di tutti i lavoratori all’organizzazione politica, economica e
sociale del Paese”.
Ma quali sono i diritti sociali?
La Costituzione dedica ad essi disposizioni chiarissime. Eccole in
sintesi:
a) l’art.36, rifacendosi all’art. 4 (che riconosce il diritto al lavoro
– fra l’altro l’art.35 nel riconoscere la liberta dell’emigrazione, tutela il
lavoro italiano all’estero-) prevede che “il lavoratore ha diritto ad una
retribuzione proporzionata alla quantità e qualità del suo lavoro e in
ogni caso sufficienti ad assicurare a sé e alla famiglia una esistenza
libera e dignitosa”;
b) l’art.38 crea un vero e originale “diritto all’assistenza”, determinando che ”ogni cittadino inabile al lavoro e sprovvisto dei mezzi economici necessari per vivere ha diritto al mantenimento e all’assistenza sociale” e aggiungendo che “ai compiti previsti in questo articolo provvedono
organi e istituti predisposti o integrati dallo Stato”;
c) L’art. 34 stabilisce che “la scuola è aperta a tutti” che “l’istruzione
inferiore è obbligatoria e gratuita”, che i più capaci e meritevoli, anche
se sprovvisti di mezzi hanno “il diritto di raggiungere i gradi più alti degli
studi”. Diritto assicurato mediante borse di studio, assegni alle famiglie e altre provvidenze; (sarebbe interessante, prima o poi, affrontare
il problema della scuole italiane all’estero, dei corsi di lingua e cultura
italiana per i cosí chiamati “discendenti” e i tanti baracconi abitati da
tanti pataccari...)
d) L’art.32 stabilisce poi che “la Repubblica tutela la salute come fondamentale diritto dell`individuo e interesse della collettività”.
Pertanto, collegando la Costituzione italiana alle norme europee e
al principio della universalità dei diritti sociali sanciti anche dall’ONU,
non si capisce perché si debba ancora discutere sulla esportabilità o no
dell’assistenza, visto che non è uma facoltà dello Stato ma un diritto
originale garantito che deve essere attuato affinché non esistano più
cittadini disiguali.
In altre parole, i diritti sociali sono l’oggetto di un principio costituzionale e giuridico vincolante e per questo non sottoposti alla discrezionalità o alla mera volontà di una passeggera maggioranza politica. la
quale, a seconda dei casi e del colore, fa dire da illuminati dottori che
nella Costituzione ci sono norme programmatiche (le belle intenzioni) e
norme precettive. Dimenticano di far sapere che questa classificazione
manualistica è dottrinariamente superata anche in molte decisioni della
Corte di Cassazione e della Corte Costituzionale.
L’applicazione “territoriale”, oltre che essere antiquata, svilisce il
concetto di cittadinanza che, come abbiamo osservato, ha oltrepassato le frontiere geografiche nel momento in cui lo Stato ha riconosciuto
i diritti civili e politici ai cittadini residenti all’estero, integrandoli, di
fatto, nella società política allargata.
Cosa fare e come fare, allora, per rendere esigibili i diritti sociali
all’estero?
Usare il diritto di petizione è una strada che potrà essere percorribile
soltanto quando questa battaglia di civiltà non sarà trattata come una
facile promessa elettorale o uma avvilente negoziazione politica, ma un
impegno generale condiviso.
È un sogno, un’illusione? Lo sembrava anche la battaglia per il riconoscimento dei diritti politici...
comunidade
O
A trilogia “Trinta e Três E 1/3”, “Setenta“
e “Dez Mil”, de Andréa Kerbaker são obras
sucintas para os amantes de música, literatura e cinema. Editora Rocco, 112, 128
e 84 págs., R$ 24
OUTUBRO 2005
/
cônsul geral da Itália no Rio de Janeiro,
Massimo Bellelli, entregou
o título de honra ao mérito
da República Italiana à Piero Ruzzenenti, concedido
pelo ministro para os Italianos no Mundo, Mirko Tremaglia. O evento aconteceu em setembro na casa
de Eder Meneghini, no Rio de Janeiro. Entre os
presentes estavam o secretário de Trabalho e
Renda do Estado, Marco Antonio Lucidi e embaixatriz da Paz, Ísis Penido.
COMUNITÀ ITALIANA
“De San Marino
ao Espírito Santo, fotografia
de uma emigração”, de Mauro Reginato,
relata episódios curiosos
da emigração
da segunda metade do século XIX até meados do XX. Mais informações: (28) 9881-5903. Editora EDUFES, 312 págs., R$ 30
5
Marco Lucchesi - Intervista
La Pazienza
dei Giorni
6
omeriggio freddo a Chennevièressur-Marne. Sì, dovremmo essere
vicini. Guardate il numero. La casa dev’essere questa. Suoniamo il
campanello e un’amabile signora ci
riceve a braccia aperte come se fossimo vecchi
amici. Venite. Il giardino è stato duramente bruciato dall’inverno. Ma non è difficile immaginarne la bellezza.
Entrate, per favore. Lui sta aspettando. Ma,
come sarà personalmente? È così facile rimanere
delusi di qualcuno i cui libri sono splendidi e le
cui miserie possono essere inversamente proporzionali ai meriti letterari. Ma era tardi e la strada
di ritorno impossibile.
Andavo a vedere qualcuno che si era convertito all’islam e che aveva detto cose ammirevoli
nei suoi libri e lettere sul dialogo delle civiltà. O
che aveva insegnato per lo più la ragione e il bisogno della differenza. Questa parola così tenue
e, malgrado questo, così imperiosa. Si era convertito all’islam portandosi nel suo bagaglio il
Capitale e la Bibbia. Tutte le tappe della sua vita assunte dialetticamente nel Corano. Nessuna
esclusione che potesse far fallire la speranza più
fondamentale di questa nostra era degli estremi,
il rispetto per la differenza.
Una scala: Andiamo, salite. Monsier Garaudy!, dicevo, come se cantassi. Bien-venu, mon
frère, ha risposto. È stato un abbraccio tra fratelli. Sì, questa è la parola con cui Garaudy saluta nelle sue lettere: fraternellement. È veramente un essere fraterno e cordiale. Abbiamo passato cinque ore a progettare ponti sugli abissi,
a immaginare larghi viali e a costruire lunghe
ferrovie che uniscono Mosca a New York, Roma a
Pechino, San Paolo a Gerusalemme. Gli occhi di
Garaudy si sono incendiati con questa geografia
promettente e singolare. Bisognava affrontare
gli ostacoli più insormontabili. E magari fossero stati soltanto geografici. L’uomo era il lupo
dell’uomo, ma poteva anche esserne l’angelo. A
ottantatré anni, Garaudy richiama rilkianamente
l’angelo, dopo aver incontrato Giovanni Paolo II.
Fidel Castro e dom Hélder. Paul Éluard e Bachelard. Althusser e Sartre. Picasso e Portinari. Il
Nilo e l’Amazonas. La Cina e l’India. Il Muro dei
Lamenti. Le moschee della Turchia e dell’Iran. Le
chiese di Ouro Preto. La teologia della speranza
e della libertazione. Un viaggio solitario e solidale verso il sec. XX. Un’impresa.
Perché ha viaggiato tanto? Perché l’Occidente è un incidente. Tutte le sue aspirazioni
COMUNITÀ ITALIANA
/
OUTUBRO 2005
di eternità e di universalità, di centralismo e di
proselitismo, di militarismo e di capitalismo, di
guerre e di esclusione, ecco il lascito di un’eredità che ormai non troverà eredi, perché l’Occidente comincia ad agonizzare se non riesce a
ribaltare subito la sua logica di distruzione. Saremo tutti morti. Noi e la Terra.
La sociologia continua ad insistere sulla questione dell’etnocentrismo. La lettura di
Mauss e Radcliffe-Brown, Evans Pritchard e Clifford Geertz, Margareth Mead e Malinosvski, LéviStrauss e Eliade – per citare in transito – è stata
rivista a partire da un asse non evoluzionista,
la cui storia non dovrebbe risultare in modo irreversibile nell’Occidente. Perciò il concetto di
incidente, per chi si pensa l’universale, e che in
fondo si domanda, spaventato, come un essere
umano possa essere persiano o cinese. Sì, l’Occidente è un incidente.
Assistiamo alla celebrazione di un processo
di criminale depredazione delle riserve naturali
della Terra, di distruzione delle culture non occidentali e di crescita della povertà. Guardate cosa
ha fatto Chirac con le sue bombe atomiche. Un
vero retrocesso. Come se la Terra non fosse un
organismo sensibile e delicato.
L’Occidente ha perso il sentimento dell’unità
con la natura e il divino. Ha desiderato trasformare tutto in proprietà. E proprio per questo si
trova sempre più condannato a una devastante e
irreversibile solitudine. Chiuso in un labirinto che
diventa più drammatico man mano che il processo storico si inabissa in se stesso. La società materialista subisce un processo di autodistruzione,
qualcosa di splengeriano, dove la pace si chiama,
d’ora in avanti, equilibrio del terrore, il tradimento dei popoli si chiama sicurezza nazionale, la
violenza istituzionale si chiama ordine, la concorrenza della selva si chiama liberalismo e l’insieme
di queste regressioni, progresso.
Sono state parole dure, radicali, dolorose,
terribili, pronunciate quel pomeriggio, Bisogna
sovvertire tutto ciò. Prima che sia troppo tardi.
Il viaggio di Garaudy dovrebbe attraversare
tutte le direzioni conturbate di questo secolo.
Il viaggio dovrebbe essere come quello di Benjamin: contropelo. E lo divorava una tale passione di intendere e rispettare le differenze, che la
conversione all’islamismo implicava un’ardente
adesione. Garaudy non poteva dimenticare le
grandi lezioni di Maimonide così come le ampie
ramificazioni delle cultura giudaica. Qualsiasi
mancanza di rispetto alla tolleranza non sarebbe stato tollerato.
Lo stesso Corano dice che Dio inviò a ogni
popolo un messaggero per rendere chiaro il suo
messaggio. Se Maometto era il segno della profezia, Gesù era il segno della santità. Abramo
e Mosè erano stati i grandi patriarchi. Garaudy
non capiva l’esclusione. Voleva il dialogo nel
senso puro ed aperto, senza inalberare in leggi
e dogmi i sentimenti razziali, che offuscavano il
vero senso della religione come succede al fondamentalismo.
Quando Garaudy ha chiesto all’arcivescovo di
Algeri qual era l’obiettivo del suo apostolato di
fronte ad un’infima presenza cristiana, la risposta è stata brillante e profonda. Quando ci fu in
tutto il paese una campagna di alfabetizzazione,
risponde l’arcivescovo, un vecchio sacerdote che
OUTUBRO 2005
/
conosceva perfettamente l’arabo aderì immediatamente alla campagna. Ma imparare la lingua
come prima cosa significava decifrare i versi del
Corano. Il sacerdote rispose che la sua missione
era quella di far diventare migliori i musulmani.
Secondo l’arcivescovo, quello era uno dei suoi
migliori sacerdoti.
Questa era la limpida vocazione dei fratelli e
sorelle di Foucauld, il cui apostolato si dirigeva
ai poveri, ai più abbandonati, ai più distanti da
Cristo, per i quali la parola è quasi inutile e la
testimonianza imperiosa. I fratelli e sorelle si
mettevano accanto agli esclusi, vivevano con loro il tran-tran quotidiano, condividendo la sofferenza del lavoro e l’amore cristiano. Testimoniavano con la propria vita la bontà del Vangelo.
Anche nelle drammatiche condizioni attuali
dell’Algeria, dove molti sacerdoti vengono assassinati, l’arcivescovo di Oran ha dichiarato
coraggiosamente che questo non è motivo per
abbandonare i poveri di quel paese. Chi vuole rimanere dovrebbe veramente rimanere. Gesù morì
a braccia aperte sulla croce per accogliere i figli
allontanatisi dal Padre. Nella linea divisoria che
separa la Terra dal Cielo, la speranza dallo scoramento. Chi voleva rimanere doveva rimanere misericordiosamente. In Algeria, i sacerdoti avrebbero occupato una di queste linee sismiche che
attraversano il mondo: Nord e Sud, Occidente e
Islam, Ricchi e Poveri. Cristo e il deserto coincidevano un’altra volta.
Quegli stessi sacerdoti che vivevano la vita
occulta di Gesù a Assekrem sarebbero stati visitati da Garaudy, che aveva deciso di passare una
notte con loro tra le montagne del deserto. Si
tratta di una delle pagine più ispirate delle sue
memorie, dove il silenzio e l’abbandono di quelle
altezze sacre, il vento glaciale e la densa oscurità
generavano una presenza misteriosa e inaspettata. Era la notte dell’Antico Testamento.
Alle prime luci dell’alba, l’evento terminò,
facendo sentire meglio il silenzio di Dio. Le
montagne circostanti emergevano dalla notte,
come da un mondo in genesi, non finito, con
le sue rocce sprovviste di alberi o di qualsiasi
traccia di vita.
Quanti deserti e metafore, quante notti e
preghiere! Garaudy viveva il suo deserto.
Come Psichari, il tristissimo Psichari, arrestato dovuto alle dolorose contraddizioni che
l’avrebbero portato a Dio. Isabelle Eberhardt,
che ha trovato nel deserto la ragione della sua
vita insolita e della sua morte paradossale. Come
Charles de Foucauld, ucciso senza pietà. Come
René Voillaume, a El Abiodh. O Carlo Carretto,
quando chiedeva a suor Dulcidia una mappa celeste per non perdersi nell’immensità del Sahara.
Come la notte fredda che ho passato nel deserto del Marocco, chiamando Dio. O nel sertão di
Pernambuco.
Bisogna coltivare il deserto.
Specialmente nelle città, il più terribile di tutti i deserti. Garaudy, con la sua voce ferma e la sua
erre meridionale, parlava con grande entusiasmo
e con perfetto riserbo del suo pellegrinaggio alla
Mecca. Così come possiamo vedere nelle sue memorie, quando descrive i pellegrini intorno a Kaaba: “Centro del mondo e cuore dell’essere per un
miliardo di musulmani, il cubo di pietra, motore
immobile della gravitazione della galassia umana,
COMUNITÀ ITALIANA
e l’asse di questa ruota che gira in senso contrario
a quello delle lancette dell’orologio come se, tutti insieme, tornassimo indietro nel tempo, nella
controcorrente delle derive della Storia, per arrivare alla fonte: Maometto, Gesù, Mosè e, infine,
Abramo che, dice il Corano, ha costruito la Kaaba.
Padre della fede, lui ha rivelato come, grazie a
questa fede, tutte le vite ammettono un senso, in
risposta all’appello di quello che la trascende”.
Ecco quello che ci dice nel suo Mon tour de
siècle en solitaire.
E sa concludere, con incomparabile senso
mistico, la dimensione della preghiera e la grandezza epica dei pellegrini che si girano verso la
Mecca: “La preghiera non ci lega soltanto alla
natura e al cosmo, ma all’umanità intera, alle
qiblas di tutte le moschee del mondo che formano intorno alla Kaaba circoli concentrici, a simbolizzare l’unità suprema. Le ore della preghiera
cambiano con la latitudine, in ogni momento
una fronte si alza mentre l’altra si prosterna, in
un’immensa ondata di adorazione che fluttua,
senza cessare, intorno alla Terra”.
I tempi della storia e la storia dei tempi.
Garaudy ha ricordato tutto ciò come chi volesse strappare dalle sue interiora una ragione
cruciale e profonda, come chi, in pellegrinaggio,
cercasse la comprensione radicale del mistero che
lo fa divenire singolare tra singolari, allo scoprire che il pellegrinaggio comincia e finisce in se
stesso. La pietra è interna. Ricordo Djalal ad-Din
Rumi: Oh, pellegrini! Dove andate? L’Amato rimane dov’è sempre stato, tornate in fretta. Lui vive
insieme a voi. Che idea vi ha indotto a vagare per
il deserto dell’Arabia? Siete a Casa, il Padrone, la
Kaaba! Venite, il tesoro è qui. Ahimé! Siete il velo del tesoro che cercate! La Mecca interiore nella
tradizione sufista. La Gerusalemme interiore, nella tradizione cristiana.
Garaudy mi indica il quadro di Don Chisciotte nel suo ufficio e dice che è lui il suo maestro
inesorabile, da cui non è stato mai abbandonato
e che in lui si ispirava sotto mille forme.
Niente di più vero, conoscendo il PrincipioSperanza di Ernst Bloch, una delle letture che mi
ha salvato da me stesso.
Ho detto a Garaudy che avevo conosciuto
un altro discepolo di Chisciotte, Adolfo Pérez
Esquivel, Premio Nobel della Pace. Ho sentito
una conferenza a Buenos Aires dove c’era Hebe
de Bonafini, la fondatrice delle madri di Plaza
de Mayo. Parole soavi e dure, quelle di Esquivel,
lanciate contro il neoliberalismo. Tupac Amaru
ha detto che di sconfitta in sconfitta avremmo
costruito la vittoria. Ma il pessimismo e la sconfitta sarebbero stati sorpassati dalla coscienza
e dalla speranza dei popoli che lottano e resistono. Per questo, ha detto Esquivel, bisognava
fare memoria. Per capire il nostro tempo e recuperare valori che illuminino il processo e ci permettano di costruire il futuro. L’azione di Adolfo
Pérez Esquivel era tutta rivolta alla non violenza. Pensava a Gandhi e Thoreau.
Garaudy apre un largo sorriso. Un abbraccio
affettuoso. Fraterno. Paulette ci chiede di tornare. Ma la notte è fredda, fonda e senza Dio, e c’era
un’urgenza di tessere la pazienza dei giorni.
(testo originale in portoghese di Marco Lucchesi
tradotto da Cristiana Cocco Carvalho)
7
Economia
Mezzo milanesa,
mezzo paulistana
Governos brasileiro e italiano fazem de conferência
um trampolim para acordos bilaterais
Guilherme Aquino
Correspondente • MILÃO
M
ilão – Locomotivas econômicas da
Itália e do Brasil, São Paulo e Milão
– não por acaso – são duas cidades
consideradas “gêmeas”. O Brasil tenta atrair recursos e investimentos italianos e um
dos principais portos de entrada é a capital paulista. A concorrência com os mercados asiáticos
e dos países do leste europeu acirra a competição. A Itália, depois de ter dado as costas para
a América Latina, recomeça a prestar mais atenção às possibilidades de negócios com os seus
históricos parceiros.
Um importante passo vai ser dado no mês
de outubro, com a Conferência Nacional sobre a
América Latina, nos dias 17 e 18 de outubro, no
Palazzo Mezzanotte, da Bolsa de Valores, em Milão. O evento está sendo organizado pelo Ministério do Exterior, Região da Lombardia e Câmera
de Comércio de Milão. A agenda prevê a análise
de oportunidades no campo do comércio, dos
investimentos e da presença de empresas italianas, pequenas e médias do setor agrícola e de
serviços, principalmente.
Esse encontro será um pontapé inicial na
retomada do diálogo euro-latino-americano baseado na comunhão de valores, na democracia e
na colaboração em diferentes frentes internacionais. Na pauta, estão ainda o intercâmbio de experiências no campo da pesquisa entre universidades latino-americanas e italianas, a formação
profissional, além de instrumentos e métodos de
financiamentos de novos projetos, e transmissão
de conhecimento.
O presidente da Venezuela, Hugo Chavez, deverá abrir os trabalhos, enquanto o presidente
Luis Inácio Lula da Silva, do Brasil, que fará uma
breve visita à Milão antes de seguir à Rússia, será
o responsável pelo fechamento da Conferência.
Os contatos entre Brasil e Itália vão continuar no
dia 19, quando os ministros da Agricultura dos
dois países vão se reunir em Parma, cidade-sede
da Agência Européia de Alimentação.
Furlan: brinde aos novos
negócios com o mercado
externo. Abaixo, estande
da Itália no evento
TREM-BALA RIO-SAMPA
A recente visita do vice-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, à Milão, ocorrida em meados de setembro, serviu como um preâmbulo da
Conferência. Ele se encontrou com o secretário-geral da Promos, agência de atividades internacionais da Câmera de Comercio de Milão,
Pier Andrea Chevallard. Na pauta da mesa de
negociações, estava o interesse do estado de
São Paulo em construir uma linha de trem de
alta velocidade. Ela ligaria os 31 quilômetros
que separam o centro da capital paulista do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. A obra está
orçada em US$ 110 milhões.
Além desse projeto, o governo de São Paulo
vai abrir concorrência internacional para a reforma dos portos, a construção do Porto de São
Sebastião, a privatização da malha rodoviária e
a revisão da inteira rede ferroviária. Muitos desses projetos estão amarrados às chamadas PPP’s
(parcerias públicas-privadas).
Um outro projeto importante, o do trem-bala entre a cidade do Rio de Janeiro e São Paulo,
com quase todas as cidades do Vale do Paraíba
incluídas, depende da captação de recursos e da
vontade política do Governo federal.
– O trem rápido seria capaz de integrar todo
o Vale do Paraíba, que tem um alto grau de produção, temos a Embraer, em São José dos Campos, temos fábricas de automóveis, que exportam
através do porto de São Sebastião. Acho que, assim, o Rio de Janeiro e São Paulo poderiam se tornar uma grande cidade - vislumbra Lembo.
A estrada será longa para recuperar os investimentos italianos no estado de São Paulo. Dos
recursos estrangeiros aplicados na terra da garoa
nos últimos oito anos, a Itália contribui com apenas 3,77%, contra investimentos mais parrudos
do Japão (4,31%), da França (4,85%), de Portugal (6,96%), da Espanha (12,45%), da Alemanha
(12,86%) e dos Estados Unidos (35,9%).
– O estado de São Paulo está crescendo a
uma taxa de 8% ao ano, três pontos a mais do
que o Brasil. Temos muitas oportunidades de investimentos para a Itália. O país deixou um pouco de lado a América Latina e acho que está na
hora de os italianos aproveitarem o espaço que
existe. Além disso, temos ótimos laços culturais
- concluiu Lembo.
Parceria perfumada
Fotos: Divulgação
Guilherme Aquino
Politica
Exultante com a performance do setor de cosméticos,
Furlan sinaliza para acordos com italianos
Venceslao Soligo
S
ão Paulo – Se depender do ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, Luiz Fernando Furlan, as indústrias de cosméticos de Brasil e Itália terão
um relacionamento que se estenderá em todas
as cadeias do setor. Empolgado com os extraordinários números do setor – o que mais cresceu
no país – anunciados durante a 15ª edição da
Cosmoprof Cosmética – Feira Internacional de
Beleza, em setembro, Furlan visitou alguns expositores italianos e afirmou que a participação
italiana cria oportunidades não só de vendas para o mercado brasileiro, mas também de parcerias olhando a terceiros mercados.
– Este é um setor que cresce com a velocidade chinesa. Seria bom se
toda economia brasileira
crescesse dessa maneira.
Através de iniciativa assim que nós, do Ministério
do Desenvolvimento, estamos apoiando dentro do
protocolo que assinamos
com o Ministério da Produção italiano, olhando
os nossos mercados onde
se dá uma união de criatividade, de tecnologia,
de inovação dos produtos
e das empresas – ressaltou o ministro, figura do
Planalto mais assídua na
ponte Brasília-Roma, referindo-se aos 8,2 pontos
percentuais de crescimento da área de higiene
pessoal, perfumaria e cosméticos em 2004.
No ranking do mercado de produtos para
cabelos, o Brasil ocupa um eloqüente terceiro lugar. Ao olhar internacional, a indústria de
Pindorama é a que maior gama de diversidades
oferece. Xampus e condicionadores para cabelos
secos, oleosos, crespos, lisos, ondulados, raízes
secas e pontas oleosas ou vice-versa, com ou
sem volume, para cabelos de diferentes etnias;
xampus que dispensam enxágüe; tinturas que
não agridem o coro cabeludo; cremes para pentear; ceras que modelam os cabelos; métodos de
relaxamento capilar; e assim por diante, foram
alguns lançamentos apresentados na feira. Ou
seja, não faltou... diversidade.
Entre as empresas italianas presentes ao
evento, estavam a Equimpex, Bottega Verde,
Farmen, Inca, Intégrée, L’Agape, Kaaral, Oyster,
Quinoa, Specchiasol, Paglieri profumi, Espansione, Dielle, Hair club, Ga.ma.
A Cosmoprof Cosmética é considerado o
maior evento do setor na América Latina. A festa da indústria da beleza
acontece todos os meses de setembro, no Pavilhão de Exposições do Anhembi. Este ano
a feira contou com a participação de mais de 400
expositores, que apresentaram 700 marcas brasileiras e internacionais. Foram
registrados cerca de 2 mil
lançamentos.
Durante os quatro dias
da feira, os organizadores
contabilizaram a presença
de 80 mil compradores profissionais, dos quais cerca
de 800 internacionais, de
40 países, vindos principalmente dos Estados Unidos,
Alemanha, Austrália, China, Espanha,
França, Holanda, Hong Kong, Inglaterra e Itália.
A previsão do mercado é de que
os acordos firmados durante e pósevento deverão estimular negócios
pelos próximos 12 meses, chegando
a US$ 29 milhões.
Ocupando a 6ª posição mundial,
com 4,2% de participação no setor,
atrás apenas dos americanos, japone-
Indústria
italiana de
cosméticos:
faturamento
anual de 7,5
bilhões de
euros
OUTUBRO 2005
/
COMUNITÀ ITALIANA
ses, franceses, alemães e ingleses, os brasileiros
deverão exportar neste ano, aproximadamente,
US$ 400 milhões, valor 20% superior ao apontado em 2004.
Na Itália a expectativa também é das melhores. A Associação das Indústrias Italianas de
Cosméticas, com mais de 500 afiliados, mantém
um faturamento anual de 7,5 bilhões de euros e
emprega 35 mil pessoas. A consistente performance lhe garante o terceiro posto do setor na
Europa, com um desenvolvimento médio de crescimento de 5% ao ano.
Fotos: Arquivo pessoal
Entrevista
‘Nunca recebi
resposta do Lula’
Luciana Bezerra dos Santos
No dia 06 de setembro de 1980, em Ribeirão, no interior de
Pernambuco, “um pecado” praticado por um padre rendeu o que para
muitos foi a maior celeuma entre Igreja Católica e Governo brasileiro
nas últimas três décadas. Aos olhos do ex-presidente da Câmara,
Severino Calvacanti, na ocasião deputado estadual pela Arena em
Pernambuco, padre Vito Miracapillo era um “pecador”. Não tardaria
para Severino solicitar ao governo do general João Baptista Figueiredo
a expulsão do padre. Deu certo. O sacerdote teve de sair do Brasil,
inclusive com o “silêncio do Vaticano”, como ele mesmo destaca
nessa entrevista à Comunità, apesar do estardalhaço provocado
pela imprensa na época. Mas, afinal, que “pecado” tão grave teria
cometido Miracapillo? O padre recusou-se – para a indignação (e
intolerância) de Severino – a celebrar uma missa em Ação de Graças
pela Independência do Brasil na Matriz de Sant’Ana, lá em Ribeirão,
o “palco” do “pecado”.
10
A confusão foi tão intensa que Miracapillo foi
motivo de tese de mestrado do historiador Júlio
Reinaux, que, em sua pesquisa, defende a tese de
que o padre foi expulso do País em função de uma
rixa entre latifundiários e o grupo mais ousado da
Igreja, do qual o sacerdote fazia parte. Um grupo
que visava mais justiça social no campo. Pedro
Eurico, deputado estadual e, então advogado do
padre, confirma a tese do historiador.
Hoje, aos 58 anos, o padre italiano só quer
uma coisa: retornar ao Brasil e tocar o projeto
“Criança Livre”. Que ele venha tranqüilo, mas com
força, porque, embora Severino já esteja fora de
cena, os latifundiários, continuam de tocaia.
- O projeto está sendo perseguido, sendo
área de latifúndio, os proprietários estão nos
perseguindo - confirma o padre, que chegou a
encaminhar uma carta ao presidente Lula sobre
sua situação, mas nunca obteve resposta, apesar
de algum esforço de Frei Betto.
Comunità Italiana - Padre, a que o senhor
atribui uma atitude tão drástica do ex-deputado Severino Cavalcanti por causa de tão
pouco? Seria o cenário político bastante polarizado e maniqueísta da época?
Vito Miracapillo – A atitude foi tão drástica porque a motivação da expulsão não foi a
recusa da missa pela independência e sim o
porquê da recusa, o conteúdo da oração nas
missas de 7 de setembro, o trabalho pastoral
junto aos camponeses, a defesa dos direitos
do povo e à posse da terra de cerca de mil famílias de camponeses.
CI - O senhor perdoou imediatamente Severino Cavalcanti ou levou algum tempo para
digerir a postura dele?
Miracapillo – Perdoei desde aquele tempo
porque entendia que ele era um homem do
poder; mas a questão não era de caráter pessoal, e sim de regime. Lastimava, porém, que
quem se dizia político não estava a serviço dos
direitos do povo e sim de latifundiários e da
ditadura. Além do mais, não conhecia o então
deputado nem em alguma circunstância tínhamos nos encontrado.
CI - Aliás, como ecoa a crise política brasileira na Itália? Que imagem os italianos fazem,
por exemplo, do presidente Lula?
Miracapillo – Não existe informação adequada. A imagem do presidente Lula despertou
esperança em muitos, quando da eleição, mas
acho que agora perdeu muito, devido aos últimos acontecimentos. Quando Lula foi eleito,
eu escrevi para ele falando do meu caso, como também do “Criança Livre”, mas não recebi
resposta. Depois falei com Frei Betto que me
pediu toda a documentação para ver o que podia fazer. E como não sabia se o caso era de
pertinência do Ministério da Justiça ou do Supremo [Supremo Tribunal Federal], não pude
enviar. Até porque não tenho a documentação
jurídica em mãos. O Supremo, hoje, está vendo
a possibilidade de cancelar a extradição, caso
não, eu tenho que entrar com advogados para
reaver o processo. Pelo menos agora consegui
o cancelamento no Supremo.
CI - Como o senhor avalia a decisão de Lula
em adotar o mesmo expediente que utilizaram contra o senhor - o Estatuto do Estrangeiro - para banir do país o jornalista Larry
COMUNITÀ ITALIANA
/
OUTUBRO 2005
Rother, que produziu uma reportagem, no
ano passado, sobre Lula com repercussão
internacional?
Miracapillo – Não conheço especificamente o
caso, mas acredito que se o jornalista fosse culpado haveria outras maneiras de enfrentar o que
ocorreu num processo justo.
CI - Mas, afinal, o que a CNBB disse na época a respeito do episódio que ocorreu com o
senhor?
Miracapillo – A CNBB, como o meu bispo de
Palmares, em Pernambuco, me defendeu do
começo até o fim com muita força e determinação, afirmando que se tratava de uma “injustiça” e de uma “ditadura”. O problema foi
que o governo pediu ao Vaticano que me tirasse do Brasil. E o Vaticano me mandou para
a Itália evitando mais protesto, mas claro o Vaticano
não podia fazer isso, caso
contrário o culpado era eu
e então preferiu o silêncio.
E também com aquele ato,
o Estatuto dos Estrangeiros que o governo tinha
imposto ao país, em cinco
de agosto de 1980, visava
afastar velhos missionários
estrangeiros como também
os refugiados políticos, do
cone sul e da América Latina. Já o Papa, em julho de
1980, quando visitou pela
primeira vez o Brasil, criticou aquela lei. E a sociedade civil se impôs e o governo teve que modificar a lei,
mas eu fiquei condenado.
CI - O senhor não recorreu
diretamente ao Vaticano?
Miracapillo – Não, porque
devido à crise Estado-Igreja, o Vaticano preferia o
silêncio a tomar uma medida a meu respeito, do jeito que o governo
ditatorial havia pedido, porque estava em jogo a permanência no Brasil dos missionários
estrangeiros.
CI - O que Dom Hélder Câmara disse disso tudo na época? Na ocasião, ele era um ícone da
abertura política.
Miracapillo – Dom Hélder foi encarregado pela
CNBB de acompanhar o meu caso e sempre me
defendeu. Nos anos 80 as relações Estado-Igreja
não eram muito boas e se falava de crise.
CI - Quando o senhor pretende retornar ao
Brasil e o que irá fazer?
Miracapillo – Não sei porque tem que ser eliminada antes a condenação proferida contra mim
pelo STF e agora há o problema de minha mãe
que está muito velhinha e tudo vai depender
dos bispos. De 1993 até hoje, vou ao Brasil uma
vez por ano, fico uns 30 dias e as pessoas da paróquia ficam perguntando quando voltarei definitivamente. O problema é a condenação no Supremo Tribunal Federal. Claro que depois de 25
anos tenho outros problemas por aqui. Um deles
é minha mãe que está bastante velhinha, outros
são a minha colocação no Brasil e a decisão do
bispo daqui se aceita ou não me mandar de vol-
ta. Eu voltaria para a cidade de Ribeirão, onde o
projeto “Criança Livre” está implantado.
CI - Hoje o senhor mantém um centro comunitário em Canosa di Puglia, na Itália. Caso
o senhor venha residir novamente no Brasil,
quem cuidará do centro italiano?
Miracapillo – Haverá, no caso, um outro padre.
CI - Porque somente em 1993 o senhor foi
autorizado a entrar no Brasil? Haja vista que
naquele ano já havia uma democracia consolidada no país?
Miracapillo – Porque só em 1993 o então presidente Itamar Franco [que deixou recentemente a Embaixada brasileira em Roma] revogou
o decreto de expulsão de Figueiredo [ex-presidente João Baptista Figueiredo], de 15 de outubro de 1980. Mas isso só me permitiu entrar no
país como turista, enquanto persistia a condenação
do STF.
CI - O senhor tem um projeto chamado “Criança Livre” mantido em Pernambuco. Quem o ajuda a mantê-lo e desde quando?
Miracapillo – “Criança Livre” é um projeto modelo
que acolhe adolescentes
filhos de camponeses para
com poucas horas de trabalho no campo, dar de
comer a eles e às suas famílias, produzindo culturas
de subsistência, e oferecer
um futuro. Quem faz parte
tem que se comprometer a
freqüentar a escola e conseguir boas notas. Neste
ano um dos meninos fundadores, filho de camponeses de cana-de-açúcar,
conseguiu vaga na faculdade de engenharia civil.
Além do mais, o projeto
faz educação alimentar, tem área de reserva
ecológica e cuida também da criação de peixes. Isso tudo começou em 1994. Contribuímos
financeiramente junto com outras pessoas e, especialmente, com os voluntários que
lá trabalham. Hoje o projeto
está sendo mantido por voluntários brasileiros e pela Arquidiocese da Itália. No começo
eram 150 adolescentes, agora outras pediram para entrar. O problema não era só
o trabalho, mas também dar a metade de
um salário mínimo ao adolescente, os auxiliarem na escola e ajudar a suas famílias.
O problema é que, no momento, o projeto
está sendo perseguido, sendo área de latifúndio, os proprietários estão nos perseguindo. Na época em que eu estava lá, tudo estava sob controle. O trabalho pastoral
era de apoio aos direitos e a vida do povo.
Sendo que, por um lado, havia o regime da
ditadura e, por outro, os latifundiários que
não permitiam cobertura nenhuma e também tratavam as pessoas que trabalhavam
de forma desumana.
‘O governo
[militar, de
Figueiredo,
em 1980]
pediu ao
Vaticano que
me tirasse
do Brasil. E o
Vaticano me
mandou para
a Itália’
OUTUBRO 2005
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COMUNITÀ ITALIANA
CI - O senhor também escreveu um livro que
fala de exílio. O que ele narra especificamente sobre o tema?
Miracapillo – Escrevi logo após a expulsão o
“Caso Miracapillo – Paradigma do conflito Estado-Igreja no Brasil”, publicado em italiano, em
junho de 1981, e em português, no Brasil, em
1985, Publiquei também outros livros: “O homem
e o não homem”, editora Vozes, em 1984, e “Cantigas de um longo exílio”, editora Paulinas, em
1985. São mensagens para reflexão. Já no Brasil,
escrevi mais dois livrinhos. Um para jovens, o “20
perguntas para você meditar”, da editora Paulinas, e “Hora eucarística”, da editora Vozes.
CI - Quando o senhor chegou ao Brasil pela
primeira vez e por quais motivos?
Miracapillo – Em 1974, de visita ao Brasil. De 8
de agosto até 8 de novembro. A 31 de outubro
de 1975, com visto permanente para trabalho
pastoral na diocese de Palmares.
CI - A propósito, em que região o senhor nasceu e o que guarda de mais significativo da
infância na Itália?
Miracapillo – Na Puglia, “no salto da bota”.
Guardo a vida simples e alegre de nós meninos,
que brincávamos pelas ruas, sobretudo o calor
da vida familiar, embora pobres, e o relacionamento fraterno com todos os parentes e vizinhos. Ao todo somos cinco irmãos, três homens
e duas mulheres. De toda família, só eu virei
padre. Atualmente estou na cidade Canosa, ao
sul da Itália. A minha cidade natal é Andria. Já
estou há dois anos em Canosa. Anteriormente
fiquei 23 anos numa paróquia da periferia de
Andria, saí de lá em virtude de alguns problemas sociais. Depois fui para Montevidéu. Como
não tinha igreja na cidade, celebrava missa nas
ruas mesmo. Depois de cinco
anos conseguimos construir
a igreja.
11
Turismo
Comportamento
‘Tem para
todo mundo’
Na pele de ‘tio Glauco’, Edson Celulari
encanta várias gerações... até a das vovós
Luciana Bezerra dos Santos
O maravilhoso
mundo de Pinocchio
ONDE NASCEU
PINOCCHIO
Pinocchio nasceu em berço de
ouro: em um ambiente de
natureza exuberante, beleza exótica e conforto, Collodi,
neto do administrador do Castelo
Garzoni, criou Gepetto e Pinocchio. Sua história está intimamente ligada ao Palácio Garzoni, um dos mais belos monumentos da aristocracia tosca12
na, cujo parque resultou num dos mais deslumbrantes cenários da jardinagem européia.
Os Garzoni constituíam importante família
gibelina originária de Pescia, cidade antigamente integrada ao Ducado de Lucca. Atribui-se a
Alessandro Garzoni o projeto e a construção, em
1633, do castelo e do parque que o envolve.
O Parque Garzoni se abre como um imenso
teatro ao ar livre. Fontes, lagos e grutas, ornados com objetos de arte, evocam diferentes
épocas. O jardim, que à entrada antecede o
parque, possui uma caprichosa estrutura geométrica e multiplicidade de arranjos florais,
e ensejou, no passado, o deslumbramento e a
inveja de reis e nobres, ao ponto de torná-lo
referência para outros jardins da Europa, como
os de Versailles e Saint Claude, na França; o
de Wichelmhohe, na Alemanha; e os de Viena,
na Áustria.
No castelo Garzoni, conhecido como a casa das cem janelas, se acham bem conservadas
todas as instalações e alcovas com móveis medievais, arrumados da maneira como eram recebidos os ilustres visitantes do passado, entre eles
Napoleão Bonaparte, que chegou a se hospedar
em um dos quartos. Na cozinha, permanecem os
apetrechos para preparar e servir um banquete de
última hora.
VISITA AO PARQUE PINOCCHIO
O Parque de Pinocchio, com sua vegetação
integrada à arte do encantamento e a ação
pedagógica, oferece aos visitantes, jovens ou
adultos, um percurso literário e fantástico.
Assim como o Parque Garzoni, é um verdadeiro museu a céu aberto, que conta as aventuras do incrível boneco de Gepetto. Visitá-lo
significa penetrar no mundo das fantasias
descrito no conto collodiano e nele viver o
fascínio de cada episódio, materializado com
riqueza de detalhes.
É necessário dispor de um dia inteiro para
penetrar no universo de Pinocchio, que, logo
de início, pode ser visto com a fada. Depois,
basta seguir por uma trilha cercada de louros.
É fácil a identificação de episódios e personagens como o grilo falante, a fada menina, a
serpente, o guarda que prendeu Pinocchio pelo
nariz e que, permanecendo de pernas abertas,
permite aos meninos passarem por elas como
se ludibriassem a vigilância, além da baleia
com seu surpreendente esguicho d’água. Vêse também a casa das moedas de ouro, a gruta dos piratas, a nave corsária, o parque de
diversões, o bosque, o campo dos milagres, o
encontro de Pinocchio com a fada, o laboratório das palavras e das figuras, Gepetto na sua
comodidade, a transformação de Pinocchio em
menino de verdade e a despedida final.
escola, onde Celulari acompanhava o corre-corre
dos atores nas coxias. Mas a escolha profissional
só veio aos 17 anos, quando resolveu estudar Arte
Dramática na USP. Seu primeiro trabalho na TV, foi
na extinta Tupi, em “Salário Mínimo”, de Chico de
Assis. Dois anos depois, o filho de imigrantes italianos estreava na TV Globo e não parou mais.
CINEMA: LUTA DESIGUAL CONTRA AMERICANOS
O PARQUE PINOCCHIO
O Parque Pinocchio nasceu da proposta do professor Rolando Anzilotti da Universidade de Pisa
que, em 1951, era prefeito de Pescia, Província
de Pistoia. Construído pelos arquitetos Renato
Baldi e Leonello De Luigi, é, hoje, um patrimônio cultural da Província de Pistoia e uma das
belas atrações turísticas da Toscana.
Para preservar a história de Pinocchio e também o Parque, foi criada, em 1990, a Fondazione
Culturale Carlo Collodi, que hoje conta com uma
ampla e rústica Osteria, anexa ao restaurante
Gambero Rosso, onde se pode apreciar os deliciosos vinhos e pratos típicos da Toscana.
Onde fica: Collodi é uma frazione (distrito) do município de Pescia, Província de Pistoia. Dista apenas
60 quilômetros de Florença, capital da Região Toscana, 15 quilômetros de Lucca, centro histórico de rara
beleza, dez de Montecatini, importante balneário temático da Itália e 32 quilômetros de Pisa, onde se
encontra a famosa torre inclinada e funciona um dos aeroportos internacionais.
COMUNITÀ ITALIANA
/
OUTUBRO 2005
Divulgação TV Globo/ João Miguel Júnior
C
ollodi - A Itália teve em Pinocchio um
dos personagens mais notáveis da sua
literatura infanto-juvenil. Embora conhecida na Europa e nas comunidades
italianas de além-mar desde o século XIX, muitos
anos decorreram-se até que a história do simpático boneco de madeira, criado por Carlos Lorenzini
(Collodi), ganhasse fama mundial, através da versão cinematográfica norte-americana.
Quando a Disney projetou para o mundo a
história de Pinocchio e de Gepetto, o bonequinho de pinus encantou milhões de crianças
e de adultos. No entanto, embora os italianos
simpatizassem com a versão criada pelos desenhistas de Hollywood, ficava-lhes no fundo
da alma o desagrado pela descaracterização do
verdadeiro Pinocchio de Collodi, mais ousado e
descontraído do que o tímido personagem celebrizado no cinema.
Ainda assim, os ecos da mídia internacional
foram aproveitados
para a criação do
Parque Pinocchio, em frente ao Parque
Garzoni, onde viveu Lorenzini, vulgo
Carlo Collodi.
Julio C. Vanni
co, na sinopse, iria passar por todas essas fases. Estava tudo previsto, mas o espaço que está ocupando agora foi uma surpresa para todos
nós. Novela muda de foco com freqüência e hoje
é o momento do nosso núcleo. Daqui a pouco a
Glória muda a estória para outros personagens.
É normal e saudável para o coletivo: tem para
todo mundo.
Ser olhado como galã, não o atrapalha, mas
Celulari prefere fugir a esse estereótipo. Aos 47
anos de idade e 27 de profissão, o ator não esperava a dimensão que Glória Perez deu a seu
personagem Glauco. Afinal, o personagem não
é tão ortodoxo assim. Casado, com uma amante
há vários anos e, ainda por cima, assume um romance com a melhor amiga da filha é uma situação quase inverossímil. Se a diferença de idade
pode afetar uma relação? O ator responde:
– A diferença de idade pode pesar com o
passar dos anos, mas não que isso impossibilite
uma relação. Acho que quando o assunto é amor,
tudo é possível. Porém todo relacionamento tem
suas exigências. É preciso paciência, empenho,
disponibilidade e talento para se levar a ‘vida à
dois’. Casamento é troca – ressalta o ator.
O pai de Sophia e Enzo se apaixonou pela arte dramática aos 13 anos, quando ajudava o pai
na cantina de um colégio em Bauru, interior de
São Paulo. A cantina ficava próxima ao teatro da
Divulgação TV Globo/ Márcio de Souza
A
fábula de chapeuzinho vermelho pode
estar subliminarmente contida na trama
de Glória Perez, a novela América da TV
Globo. Não, evidentemente, com as cores vivas da fábula secular, onde a menininha é
“seduzida” para ser “devorada” pelo lobo mau.
Maniqueísmos à parte, Edson Celulari forma com
Cleo Pires um dos pares românticos mais polêmicos da teledramaturgia nos últimos anos. Ele,
quase um cinqüentão grisalho, e ela uma mocinha, “tipo assim”, ingenuazinha. Deu certo. O
casal encantou o público.
Celulari – que ostenta em seu currículo alguns prêmios, inclusive o de melhor ator no
Festival de Brasília pelo filme “Asa Branca”, em
1981 – se diverte com tudo isso:
– Recebo cantada de todas as idades. Até as
senhoras me chamam de tio, imitando a malícia
da Lurdinha [personagem de Cléo Pires]. Eu e a
Claudia [a atriz Claudia Raia, com quem é casado há 12 anos] estamos curtindo o sucesso do
personagem. Temos um casamento sólido e bem
resolvido – assinala o ator.
Para o ator, novela é sempre “um mistério”,
e por isso “fascinante”, que provoca no ator uma
ansiedade ilimitada quanto à expectativa de como o público vai receber a personagem.
– Folhetim deve ser popular e a opinião, de
quem acompanha, tem um grande peso. O Glau-
Celulari, em cena, com Cleo Pires e Cristiane Torloni. Triângulo amoroso inusitado
OUTUBRO 2005
/
COMUNITÀ ITALIANA
Atualmente no cinema com o filme “Diário de
um Novo Mundo”, Celulari elogia o esforço que
produtores, cineastas e atores vêm promovendo
para alavancar o cinema brasileiro, mas faz um
alerta sobre a disparidade quando um filme brasileiro é posto lado a lado com um americano.
– Os festivais cumprem seu papel. Um prêmio
em festival não garante um lançamento. O mercado é muito concorrido. O produto estrangeiro,
principalmente o americano, é muito forte. Nossa
produção ainda é pequena, nosso público aumenta dia a dia e os olhos dos investidores começam
a piscar para o cinema nacional. Uma parceria com
países do Mercosul seria fortificante. Assim como
a co-produção com a televisão brasileira. Com exceção do cinema americano, em nenhum outro país o cinema sobrevive sem a ajuda do governo. No
Brasil, não é diferente. Ainda falta muito para se
consolidar a indústria de cinema por aqui.
Celulari representa a terceira geração de
uma família de italianos no Brasil, que veio do
sul da Itália, de uma pequena cidade ao norte
de Nápoles.
– Não conheci nenhum parente italiano, mas
tenho o maior orgulho de pertencer a esta família. Tenho a maior curiosidade pela cultura, pela
história e pela culinária italiana. É um país para
onde viajo sempre que posso.
13
Cinema
L’Italia sugli schermi brasiliani
Nuovi talenti del cinema italiano sbarcano al Festival di Rio
Giordano Iapalucci
“I
l Festival è internazionale, la città non se ne parla neanche”. Con
questo slogan si è aperto il 7º
Festival del cinema di Rio de Janeiro, da quando nel 1999 il Cima (Centro
de Cultura, Informação e Meio Ambiente),
che realizzava il vecchio “Rio Cine” e il
Grupo Estação, responsabile della mostra Rio, si sono unite. Dal 22 al 6
ottobre 436 titoli di film di 60 paesi diversi (un incremento di circa il
25% rispetto all´anno passato quando parteciparono 247 film) hanno
letteralmente riempito le 35 sale
cinematografiche carioca messe a
disposizine del Festival.
I 13 film italiani hanno partecipato fuori concorso ma hanno fatto
onore al cinema italiano che, in
questi anni, deve comunque
registrare una certa crisi, sia
per ciò che riguarda la ricerca o comunque la riscoperta di una propria identità
anche di linguaggio, sia
per la mancanza di fondi economici e finanziari
fondamentali
per lo sviluppo non
solo del cinema di
cartello, ma anche di quello
chiamato “indipendente”.
14
Sono state presentate opere sia di affermati come di emergenti registi.
Tra i primi si citano i nomi di Roberto Faenza (Alla luce del sole); Pupi Avati (Ma quando arrivano le ragazze?), Ferzano Ozpetek (Cuore sacro), Gianni
Amelio (Le chiavi di casa), Marco Tullio Giordana (Quando sei nato non puoi
più nasconderti), Pasquale Scimeca (La passione di Giosuè) e Massimo Venier (Tu la conosci Claudia?). Da
sottolineare anche la forte presenza di giovani registi come i toscani Francesco Fei (Onde) e Stefano
Mordini (Provincia meccanica), i
romani Francesco Munzi (Saimir)
e Saverio Costanzo (Violazione di
domicilio) ed il siciliano Marco
Amenta (Il fantasma di Corleone).
Sempre nell’ambito della divulgazione della presenza italiana
al Festival della Città meravigliosa è stato presentato il 4 ottobre
passato presso i locali dell´Istituto
Italiano di Cultura il film “All invisibile children” co-finanziato
dal Ministero degli Affari Esteri. Si
tratta di un lungometraggio in cui
8 registi di fama internazionale,
tra cui Spike Lee, Emir Kusturica,
Ridley Scott e l’italiano Stefano
Veneruso, propongono otto corti.
Alla serata è stato presente il direttore del Festival del cinema di
Venezia e presidente della giuria a
Rio, Marco Muller.
I cineasti italiani, durante tutto il corso del festival, si sono confrontati con la realtà cinematografica sud-americana anche nella ricerca di nuovi
partner e alleati per contrastare la grande produzione nord-americana di Hollywood. Sotto questo aspetto si sono detti molto soddisfatti e ben impressionati dalla grande apertura a coproduzioni del mondo brasiliano e sud-americano, in generale, con quello italiano ed europeo.
I film coprodotti risultano essere sempre più la via
di salvezza per chi, non rientrando nel grande circuito cinematografico dei botteghini, non riesce
con la sola vendita di biglietti e sponsor a coprire
interamente i costi di produzione. Proprio nell’ambito del sostegno economico l’Italia ha varato da
poco una legge con la quale è possibile inserire
prodotti pubblicitari all’interno dei film. - Un sistema che sicuramente avrà degli effetti positivi
sul finanziamento privato al cinema nostrano ma
che probabilmente non risolverà i problemi delle
chiamate “produzioni minori” – ha commentato il
regista fiorentino Francesco Fei.
Sul tema della coproduzione si è svolto un
importante incontro tra operatori del settore
italiani e brasiliani presso l’Hotel Meridien nel
tentativo di rilanciare l’accordo di collaborazione tra i due paesi del 1970. Un accordo tra le
istituzioni cinematografiche italiane e la Embrafilm che non è mai entrato in vigore; inizialmente per motivi politici legati al periodo dittatoriale brasiliano poi per la stessa estinzione della
produttrice brasiliana.
Importante
incontro tra
operatori del
settore italiani
e brasiliani nel
tentativo di
rilanciare
l’accordo di
collaborazione
tra i due paesi
del 1970
COMUNITÀ ITALIANA
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OUTUBRO 2005
Consolato Generale d’Italia
Rio de Janeiro
COMUNICATO
PER I CITTADINI ITALIANI RESIDENTI ALL’ESTERO
È attualmente in corso un’operazione di verifica anagrafica rivolta solamente ai cittadini
il cui nome risulta nello schedario consolare e non nell’AIRE o viceversa. Di tale
operazione è già stata data ampia pubblicità.
A questi nostri connazionali è stato inviato un modulo per la verifica dei dati anagrafici,
insieme con una lettera nella quale si indica che il termine per la restituzione del modulo
è il 30 settembre 2005.
Si precisa che gli Uffici consolari potranno accettare anche i moduli pervenuti dopo tale
data, purché in tempi ragionevolmente brevi.
Alla ricezione del modulo, infatti, gli Uffici consolari debbono eseguire una notevole
serie di operazioni amministrative che riguarderanno numerosissime risposte ricevute.
Pertanto, per assicurare la trattazione di tutte le risposte, è necessario che tutti i cittadini
anche nel caso che i dati presenti siano corretti restituiscano al più presto il modulo
ricevuto secondo le istruzioni indicate nella lettera.
Si ricorda che la mancata restituzione del modulo o una restituzione troppo tardiva
può comportare la cancellazione anagrafica del nominativo dallo schedario ove risulta
attualmente iscritto.
Il Console Generale
Ernesto Massimo Bellelli
Comunità
Jocimar Montibeller Leonel
Comunidade
Petrópolis parla italiano!
Comunità em solo capixaba
P
Revista e reportagem especial sobre imigração no ES são homenageadas
V
Beatriz Rassele, Fernando Pretti e Zuca Coser,
Rosangela Bosi, Sergio de Aguiar, Deotílio Destefani, Célia Nolasco, José Carlos Zamprogno,
Marisa Buteri, Jules White, Manuel Pericão, Marisa Nemer. Além da Braslimp, Vigserv e Centro
da Praia Shopping.
O lançamento da Comunità, em Vitória e em
Santa Teresa, foi um sucesso. Regado a vinho,
queijo e muita polenta, o público delirou com
show de música clássica, de Bach a Tom Jobim
tocadas pelo Duo Santoro de violoncelos, formado pelos músicos Paulo e Ricardo Santoro, ambos com apresentações nacionais e internacionais no currículo.
HISTÓRIAS SIMPLES DE MENÇÃO RICA
Para Pietro Domenico Petraglia, presidente da Comunità Italiana, a revista procura mostrar o que
a Itália tem de mais moderno, seja no design, na
tecnologia ou mesmo de seu cotidiano aproximando assim, os oriundi existentes no exterior.
- Somente uma publicação moderna, formada
por profissionais qualificados que buscam, acima de tudo, a informação de qualidade em uma
apresentação nos melhores padrões artísticos
poderia trazer o prazer da leitura para este público tão especial – concluiu Petraglia.
Franco Vicenzotti, presidente do Instituto
Italiano do Rio de Janeiro, afirmou que durante
trabalhos nos Institutos Italianos de países da
Europa e da América Latina e Austrália é a primeira vez que se depara com uma publicação da
qualidade como à Comunità.
- Em toda minha experiência profissional é a
primeira vez que encontro uma publicação do nível do Comunitá Italiana. O conteúdo da revista
é voltado para os italianos no exterior que buscam informações de qualidade. Além do mais, o
veículo auxilia no aprendizado da língua italiana
– assinala Vicenzotti.
O prefeito de Santa Teresa, Gilson Amaro,
que encerrou as festividades de lançamento da
revista na região ressaltou que a imagem e história dos teresenses estampada na revista foi
motivo de orgulho para toda a cidade.
- Quando recebemos a repórter, não imaginávamos que algumas histórias simples de oriundi,
ganhassem uma dimensão tão rica. Espero que a
revista só venha a somar para que esse resgate
cultural se perpetue - garantiu.
Fotos: Roberto e Heron
itória (ES) - Se voltarmos a 1994 – ano
de fundação da revista Comunità Italiana
– não imaginaríamos que a publicação
fosse chegar tão longe. Para alguns, “morreríamos” na primeira edição. Para outros, ainda
mais céticos, ela sequer sairia do papel. Hoje nos
orgulhamos de galgarmos mais um espaço na mídia, ao longo desses 12 anos de existência. A cada
reunião de pauta ou conclusão de edição vimos
que nosso esforço valeu mesmo a pena.
Diante do que costumava dizer o “mestre informal” da comunicação, José Abelado Barbosa
de Medeiros, o “Chacrinha”, “quem não se comunica, se trumbica”. Foi inspirada nessa famosa
máxima do “Velho Guerreiro”, que conheci Beatriz Croce Rassele, uma simpática oriundi capixaba, que me apresentou a sua terra natal, Santa
Teresa, uma pequena cidadezinha do interior do
Espírito Santo, construída por imigrantes italianos, no século XIX.
Depois de uma ampla reportagem sobre a
história da região e a influência italiana no desenvolvimento econômico e turístico do Espírito
Santo, optamos por lançar a revista no estado,
com o apoio, é claro, de empreendores, como
Luciana Bezerra dos Santos
etrópolis (RJ) – Cascatinha, uno dei
più antichi quartieri di Petropolis, nella
regione montana di Rio de Janeiro, si è
trasformato per quattro giorni di settembre in un pezzettino d’Italia. Circa 20mila persone, secondo gli organizzatori, hanno partecipato alla seconda edizione della Festa Italiana
della regione. L’evento, che si è svolto tra il 14
e il 18 settembre, è stato innaffiato da molto
vino, piatti tipici della mamma e show musicali
di Jerry Adriani, Adriano Bruno, Francesco Del
Franco, tra gli altri. Un grande momento della
festa è stata l’esposizione di fotografie e cicli di
conferenze su temi associati all’Italia e i coloni
italiani che si sono stabiliti a Petropolis nella
seconda metà del XIX secolo.
Secondo il sindaco di Petrópolis, Rubens
Bomtempo, la colonizzazione italiana a Cascatinha è stata un punto culminante nello sviluppo della città di montagna:
– Sono stati uomini e donne che hanno aiutato la storia di un quartiere e di una città. Solo
qui, nella Companhia Petropolitana [antica fabbrica di tessuti di Cascatinha], gli operai – nella
maggior parte italiani – hanno spinto in avanti
l’economia, con la produzione di fili e tessuti
– esalta Bontempo. L’antica fabbrica è entrata
nella storia dei lavoratori anche perché ha realizzato il primo sciopero dell’industria tessile in
America Latina, agli inizi del XX secolo
Le commemorazioni della colonizzazione italiana nella regione sono state concluse dal vescovo della diocesi, Dom Filippo Santoro, che ha
celebrato una messa campale nel patio dell’antica Companhia Metropolitana. Durante la messa,
Dom Filippo ha affermato che essendo “cittadino italiano” non avrebbe potuto non “affratellarsi con i suoi conterranei”.
– Sono molto orgoglioso di essere qui oggi,
dando la benedizione a quest’immigrazione che ha
portato allegria, cordialità, serietà nel lavoro e rispetto per i legami familiari – ha detto il vescovo.
nel dopoguerra – tanto della prima, come della
seconda grande guerra. Secondo Wilma Borsatto,
leader comunitaria della regione, molti italiani
imbarcavano verso Cascatinha attratti dagli impieghi offerti nella fabbrica di tessuti. Non sarebbe strano, quindi, se il locale si fosse trasformato
in un’estensione dell’Italia. E lo è stato. Wilma
sta terminando un libro su Cascatinha, con pubblicazione prevista per la seconda metà del 2006.
malgrado le festività e del centro storico mantenuto da lei nell’antica stazione ferroviaria di Cascatinha, Wilma fa notare che le nuove generazioni si stanno dimenticando tutta una storia:
- Le tradizioni, i costumi, così come l’architettura dell’epoca, non sono stati preservati da noi
oriundi. L’unico costume, che si conserva fino ad
oggi è l’attaccamento alla Chiesa Cattolica. Io, ad
esempio, sono stata allevata da mia nonna Margarina, che era italiana e non ho mai cercato di
farmi insegnare niente sull’Italia, neanche la lingua. Oggi me ne pento un poco. La maggior parte
delle famiglie di qui non parla italiano. Secondo
me, questa mancanza di attaccamento ai costu-
Fotos: Márcio Pregal
II edizione della Festa d’Italia, nell’antica fabbrica, dove hanno
lavorato molti immigranti, atrae più di 20 mila persone
Don Filippo: benedizione agli oriundi
mi non è dovuta alla repressione che gli italiani
hanno subito in Brasile, perché i tedeschi hanno
sofferto molto di più e conservano ancora oggi i
loro costumi, perlomeno qui a Cascatinha – dice
Wilma, che si è anche lamentata della mancanza
d’interesse dell’ Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (Iphan).
Secondo Wilma, l’organo federale non si “sta
sforzando come dovrebbe” per recuperare l’antica
fabbrica e i documenti storici, come schede degli
antichi impiegati, alcuni di essi scoperti da lei,
dimenticati in una pattumiera nello scantinato
della Companhia Petropolitana. (L.B.S)
PER MANTENERE LA STORIA
Franco Vicenzotti elogia Comunità Italiana.
Ao lado, Julio Vanni e Pietro Petraglia
16
Pietro Petraglia comemora com Beatriz Rassele
e Zuca Coser o sucesso da revista
Adriana Veloso prestigia o evento. Assim como,
Lorena, Fabiana e Ana Beatriz Croce Rassele
COMUNITÀ ITALIANA
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OUTUBRO 2005
Il quartiere di Cascatinha è conosciuto perché
ha attratto, nel momento aureo del periodo industriale, gli italiani che arrivavano in Brasile
OUTUBRO 2005
/
COMUNITÀ ITALIANA
17
Saúde
Saúde
Arquivo
ma nova pesquisa feita nos Estados Unidos indica que o suco de romã pode ajudar a diminuir o avanço do câncer de próstata.
O novo estudo, da Universidade de Wisconsin,
foi publicado na revista acadêmica Proceedings of the National Academy of Sciences. Segundo os cientistas, testes em ratos mostraram grande redução no ritmo de multiplicação
desse tipo de célula cancerígena na presença
do extrato de romã.
ALGA NO ‘FAST FOOD’
U
m extrato à base de algas é capaz de transformar os calóricos e pouco nutritivos lanches das redes de fast food
em alimentos saudáveis. A descoberta de pesquisadores da
Universidade de Newcastle, na Grã-Bretanha, diz que a adição de alginato, extraído das algas, aumenta a quantidade
de fibras em hambúrgueres, tortas e bolos. O que significa
que as pessoas poderiam continuar consumindo estas guloseimas, mas de forma mais saudável.
OLHE A PRESSÃO!
A
hipertensão arterial é um dos maiores fatores de risco
para infartos, derrames. Atinge de 10% a 15% dos brasileiros e entre 30% e 50% das pessoas maduras. O pior é que
muitos não se preocupam em baixá-la. Um estudo publicado
no Jornal da Associação Médica Americana analisou 5.296
pessoas e constatou que a situação mais perigosa é das mulheres idosas. Cerca de 37% dos homens controlavam sua pressão, independentemente da faixa etária. Nas mulheres, a porcentagem variava de 38% no grupo jovem (abaixo de 60 anos)
até 23% nos grupos de mais idade (acima de 80 anos).
18
Fernando Pretti estuda a talassemia há 30 anos
de. Às vezes morriam antes mesmo de completar dez anos. Ao longo da minha carreira perdi
cinco pacientes com menos de oito anos. Com
o avanço da medicina e um regime chamado de
hiper-transfusão, onde o paciente é submetido à
transfusão de sangue a cada 20 dias, controla-se
a taxa de hemoglobina. Porém é um tratamento
penoso – ressalta o especialista.
A doença, no entanto, se alastrou no mundo
todo. Percentuais relevantes de portadores de
talassemia são registrados em toda América, sobretudo Estados Unidos, Brasil e Argentina, bem
como na Índia, Austrália, etc. (L.B.S.)
MENOS MORTE
ROMÃ MARAVILHA
U
E
E
specialistas da Organizações das Nações
Unidas afirmam que esforços para melhorar a saúde das mulheres não apenas salvariam
milhões de vidas, mas também seriam um passo
para reduzir a pobreza no mundo. Segundo o relatório do Fundo da ONU para a População (UNFPA), quase todas as mortes maternas são evitáveis mas, assim mesmo, uma mulher morre por
minuto em decorrência de problemas na gravidez
ou no parto. Em 2000, mais de 500 mil mulheres
morreram de complicações na gravidez.
VAI UMA SALADINHA AÍ?
U
m regime alimentar rico em frutas e verduras reduz os riscos de
contrair câncer de pulmão, de acordo
com um estudo publicado no “Journal
of the American Medical Association”,
dos Estados Unidos. As substâncias anticancerígenas contidas nestes alimentos – como espinafre, cenoura, brócolis
e frutas – são fitoestrogênicas, ou seja,
têm hormônios de origem vegetal, explicaram pesquisadores do Centro Anderson de Câncer da Universidade do
Texas, na cidade de Houston. O estudo
foi realizado com 1.674 doentes com
câncer de pulmão e 1.735 pessoas com
boa saúde, mas com estilos de vida similares. Esses hormônios de origem vegetal se mostraram benéficos tanto para homens e mulheres fumantes, como
não-fumantes.
COMUNITÀ ITALIANA
/
OUTUBRO 2005
Arquivo
A doença tem duas formas: Minor (leve) e
Major (grave). O tipo de talassemia mais comum
no Brasil e no mundo é a minor talassemia, que
corresponde de 0,5 a 1,5% - índice considerado
alto - da população e que afeta a produção de
hemoglobina A1, a mais importante no corpo do
adulto (97% do total). Pretti alerta também que
a doença não tem evolução. Porém os casais que
apresentam a forma leve correm sério risco de a
cada gravidez gerar um filho portador da talassemia major.
– Por mais que seja genética, a criança nasce sem sintomas, mas depois do quinto mês é
que eles aparecem. Geralmente, o quadro é anemia, palidez intensa, crescimento do baço, os
glóbulos vermelhos passam a sobreviver muito
menos. E a criança precisa viver com transfusão
de sangue constantemente, caso contrário ela
não sobrevive. Antigamente um paciente com
a forma grave não passava dos 14 anos de ida-
Arquivo
U
m defeito da estrutura da hemoglobina, ou seja, uma doença genética que
causa anemia por falta de ferro. Esta
é a talassemia, doença cuja maior incidência está nos povos oriundos do mediterrâneo, como gregos, portugueses, italianos,
espanhóis e em alguns países árabes. Há 30
anos estudando sobre o tema, o hematologista
e empresário Fernando Pretti, 55 anos, dono do
laboratório Bioclínico, em Vitória, no Espírito
Santo, afirma que a talassemia pode ser confundida com a Leucemia, em virtude da semelhança dos efeitos colaterais.
– O paciente apresenta uma anemia intensa,
uma taxa de hemoglobina baixa e sofre de processo hemolítico, ou seja, uma destruição dos
glóbulos vermelhos, o que pode apresentar icterícia, o olho amarelo confunde com a hepatite e
a família pensa que a criança está com hepatite
– assinala Pretti.
SEM RUGAS
Luciana Bezerra dos Santos
Talassemia não é leucemia
SaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute
sticar a testa, contrair os lábios, puxar os
olhos. Esses são alguns movimentos da
ginástica facial. Afinal, não é só o corpo que
precisa de exercícios físicos para ficar em forma. Os músculos do rosto, pescoço e do colo
também precisam de ginástica para continuarem firmes e com aspecto jovem. A ginástica
facial atua como alternativa nos tratamentos
para evitar a flacidez e as rugas causadas pelos movimentos involuntários que fazemos no
dia-a-dia. Segundo especialistas, o ideal é começar a partir do 25 anos.
NOVAS REGRAS PARA ASILOS
SER MÃE
A
ulheres que esperam para ter filhos depois dos 35 anos estão desafiando a natureza e correm o risco de passar por um grande
sofrimento. É o que afirmam especialistas em
fertilidade na publicação médica “British Medical Journal”. Os obstetras se disseram “tristes”
com o crescente número de mulheres que apresentam problemas por causa disso e dizem que
a melhor idade para ter filhos continua sendo
entre os 20 e os 35.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) editou uma resolução com novas
regras para funcionamento de asilos em todo o
país. A resolução, que vai entrar em vigor em
dois anos, regula desde o número de profissionais por idoso nos estabelecimentos até as
dimensões mínimas das principais áreas de um
asilo. Na edição de setembro, a revista Comunità
Italiana divulgou uma ampla reportagem sobre
o assunto.
M
Arquivo
SaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute
HOMENS, TREMEI
I
nspirar ar poluído pode afetar a qualidade dos espermatozóides e diminuir a fertilidade masculina, diz uma nova pesquisa.
O estudo em reprodução humana descobriu
uma ligação importante entre longos períodos de exposição ao ar poluído e o aumento
da quantidade de espermatozóides defeituosos. Evidências sugerem que a poluição
causada pelos carros, por exemplo, ajuda a
reduzir a qualidade dos espermatozóides.
Notizie
SCOMPARSO
ITALIANA SEQUESTRATA
MAGGIOR PONTE SOSPESO DEL MUNDO
É
L
U
arrivato al Consolato Generale un messaggio del Ministero relativo alla scomparsa del sig.
Albino Collu. Chi avesse notizie è
pregato di contattare immediatamente la sede diplomatica più vicina in modo tale da aiutare la famiglia nella ricerca del loro caro. Il
sig. Albino Collu, figlio di Angelo
Salvatore Collu e Maria Grazia Tuveri, è nato a Cagliari il 15.9.1976
e al momento della scomparsa
(avvenuta nell´agosto 2001) era
residente a Decimomannu località
Is Orrus. La sua altezza è di circa
1,75 m, di corporatura esile. Qualsiase informazione si può contattare il Consolato di Rio nel numero: 21. 2122-2118
ALZATE E SCHIACCIATE
I
l presidente della Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), Ary Graça
Filho, e il presidente della Federazione Italiana, Carlo Magri, hanno firmato un accordo che permette trasferimenti di giocatori con meno di 23
anni, purché gli atleti abbiano già giocato in squadre nazionali. Un accordo
simile era stato fatto quest’anno tra il presidente della CBV e il presidente
della Lega Italiana Pallavolo, Diego Mosna, per la modalità maschile che
gioca nella Superlega e nella Lega Italiana.
E.T.R.
L
’Italia avrà una nuova rete di treni ad alta velocità, che unirà Torino,
Milano, Roma e Napoli. Il percorso tra Milano e Roma, per esempio, che
prima impiegava circa quattro ore, oggi è fatto in tre ore. Le stime indicano
che il sistema trasporterà oltre 66 milioni di persone all’anno, un aumento
del 47% rispetto al numero attuale di passeggeri, il che assorbirà il 25%
degli utenti di automobili e il 3-11% di coloro che usano l’aereo. Il tragitto
fino a Roma sarà fatto in 83 minuti di meno e costerà 31,5 euro in più. Per
Napoli, il risparmio sarà di due ore e mezza, con un aumento di 37 euro sul
valore attuale del biglietto. Le diramazioni della rete permetteranno che
viaggi da Milano e per Torino, Genova, Venezia e Firenze saranno compiuti
in poco più di questo: settanta minuti. La rete verrà inaugurata in parti: la
tratta Roma-Napoli comincerà ad entrare in operazione entro il 2005; quella
di Milano-Bologna, nel 2007; quella di Bologna-Firenze, nel 2008, ed entrerà in completo funzionamento a partire dal 2009.
a giornalista Simona Torretta – sequestrata in Iraq nel 2004 – racconta la sua tragica epopea nel suo libro “Otto anni e 21 giorni. Il
mio impegno di solidarietà in Iraq” [Oito anos e 21 dias. O meu compromisso de solidariedade no Iraque]. Il libro però non tratta soltanto
del sequestro e del giorno in cui lei e Simona Pari sono state rilasciate, il 28 settembre, ma anche di altre esperienze della giornalista in
Iraq, paese che aveva visitato per la prima volta nel 1994. Il sequestro
è durato 21 giorni. Quando i sequestratori le hanno liberate le hanno
vestite con un mantello scuro e un velo usati dalle donne sannite e le
hanno messe dentro un’automobile.
n ponte con 3,6 chilometri di estensione e 60,4 metri di larghezza unirà l´isola della Sicília al continente. Il progetto
centenário divulgato dal gruppo Impereglio avrà sei corsie, tre per
ogni lato, e due ferrovie, che comporterà un flusso di sei mila veicoli e 200 treni giornaliere . Le opere che inizieranno il prossimo
anno, si concluderanno nel 2012. Il costo totale sarà di 3,9 milioni
de euro. Il ponte fu una promessa della campagna elettorale nel
2001 del primo ministro Silvio Berlusconi, ed integra il programma
di infrastruttura strategica del governo italiano. Saranno creati 40
mila posti di lavoro.
CLANDESTINI IN ITALIA
INSTANCABILE FIAT
BRAVA GENTE
I
L
a Fiat ha mantenuto, in settembre, il primato nelle vendite tra le case automobilistiche intallate in Brasile. Nel totale, l´impresa
ha venduto 294.356 auto, totalizzando il
25,3% del mercato da gennaio. I numeri rappresentano un incremento di 33.187 veicoli in
relazione ai dati di agosto. La Fiat supera la
seconda collocata, la GM, con 38.254 veicoli
venduti in più. La GM ha il 22% del mercato,
Volkswagen segue con il 21,6%.
I
VENDEMMIA 2005
PIAGNISTEO ITALIANO
VERSIONE DEI FONDI
D
G
N
l ministro degli interni, Giuseppe Pisanu, ha divulgato che da gennaio a settembre di quest’anno più di 15mila persone sono entrate illegalmente in Italia via
mare. Secondo il ministro, il numero di
clandestini illegali è raddoppiato rispetto
all’anno precendente. Per Pisanu, la situazione sta preoccupando poiché il numero
di illegali nel paese può raggiungere “gravi proporzioni”.
elle 368 campionature di vino iscritte
alla tredicesima Valutazione Nazionale
di Vini, realizzata a Bento Gonçalves, nello
stato di Rio Grande do Sul, 15 sono state selezionate per rappresentare il migliore profilo dei vini nazionali della vendemmia 2005.
In tutto vi hanno partecipato 84 vinicole
degli stati di Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia e Pernambuco.
Secondo gli organizzatori, specialisti
brasiliani, italiani, spagnoli, francesi, argentini e cechi hanno degustato la bevanda
degli déi insieme a circa 700 stimatori.
li ultimi negoziati tra la Telecom Italia, il Citigroup e i fondi di pensione
per la vendita della BrT (Brasil Telecom)
sono stati rifiutati. Gli italiani hanno gettato la spugna perché hanno considerato
inaccettabili le condizione richieste dai soci. Fonti della Telecom Italia affermano che
la negoziazione si è bloccata perché hanno
considerato inaccettabili i fondi che hanno
via via aumentato il valore richiesto per la
BrT e hanno fatto questione sul cambiamenti nella struttura dell’operazione.
XX Giochi Olimpici d’Inverno e i IX Giochi Paraolimpici, che saranno disputati
l’anno prossimo a Torino, conteranno sull’aiuto di 25000 volontari, ha informato
il comitato di organizzazione dell’evento.
Oltre a 41mila persone si sono presentate
candidate. Tra i volontari, il 55% sono uomini e il 45% donne, di cui il 63% ha tra i
18 e i 34 anni, e oltre la metà (il 55%) ha
un diploma universitario.
eanche un po’ preoccupato con i capricci degli italiani, il gruppo dei
fondi di pensione però presenta un’altra
versione: gli italiani del Citigroup vorrebbero beneficiarsi a spese dei fondi. La Telecom Italia ha proposto di comprare tutte le azioni del Citi. Dei fondi, ne avrebbe
voluta appena una parte, il che obbligherebbe le fondazioni a rimanere per tempo
indeterminato nella compagnia, facendo
il tifo per una valorizzazione futura della
Brasil Telecom.
TIM FESTIVAL 2005
I
concerti di King of Leo, The Strocks,
Mundo Livre S/A, Lado 2 Estéreo, Bob
Mintzer Big Band, Russel Malone & Benny
Gree, Wayne Shorter Quartet, Wilco e The
Arcade Fire, che fanno parte delle attrazioni del TIM Festival 2005 tra il 21 e il 23
ottobre presso il Museu de Arte Moderna
a Rio de Janeiro, hanno già venduto tutti
gli ingressi.
La domanda di biglietti preannuncia il
successo dell’evento, che avrà un’edizione
speciale in altre tre città. I concerti extra
del TIM Festival Special Editing, con alcune delle principali star del festival, si
avranno a Belo Horizonte, Porto Alegre
(capitali che riceveranno il TIM Festival
per la prima volta) e San Paolo.
OUTUBRO 2005
/
COMUNITÀ ITALIANA
21
Notizie
IL RITORNO DELLA
‘FIORENTINA’
L’ITALIA FA SQUADRA
NUOVO SPORTELLO ICE A RIO
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l 23 settembre a San Paolo, nella sede della Camera di Commercio
Italo-Brasiliana, si è svolto il terzo incontro-convegno della serie “Informare per competere: come difendere e esportare il Made in Italy nel
mondo”. Hanno partecipato ai lavori, tra i tanti, Giorgio Mulé (direttore
di Economy), Edoardo Pollastri (pres. di Assocamereestero), l’ambasciatore Valensise e Riccardo Landi (Pres.ICE-SP). Dall’incontro è emerso che il
Brasile può offrire enormi opportunità alle aziende italiane, ma l’Italia deve essere pronta a fare sistema e a cogliere queste opportunità ora, senza
perdere altro tempo, prima che la concorrenza lo faccia prima. L’incontro
è stato proposto in concomitanza con la pubblicazione di Speciale Paese,
promosso da èItalia ed Economy in collaborazione con Assocamerestero.
Pollastri ha parlato di un momento felice per il Sistema Italia, che finalmente si sta muovendo sinergicamente, come dimostra questo incontro, dove sono presenti Ambasciata, ICE, Camera di Commercio, istituzioni e aziende. Ma come ha messo in luce lo stesso Ambasciatore esistono
due “debolezze” italiane che è necessario contrastare il prima possibile:
primo la debolezza del nostro sistema bancario, assolutamente in controtendenza rispetto alla concorrenza degli altri Paesi. Le nostre banche
se ne stanno andando dal Brasile mentre quelle estere stanno entrando.
La seconda riguarda i collegamenti aerei: la nostra compagnia di bandiera ha infatti eliminato gli unici due voli diretti per Roma.
L
a bistecca alla fiorentina ritorna
sui tavoli dei ristoranti. Dopo quattro anni e mezzo di messa al bando per
l’allarme “mucca pazza” è arrivato l’11
ottobre scorso l’attesissimo verdetto del
Comitato permanente per la catena alimentare dell’Ue che ha accolto la proposta della Commissione europea di innalzare da 12 a 24 mesi l’età dei bovini per
la rimozione della colonna vertebrale.
FELLINI PER MAGGIORENNI
D
isegni erotici del cineasta italiano Federico Fellini, che rivelano il
suo apprezzamento del corpo femminile,
stanno facendo successo tra gli amanti
dell’arte in Austria, dove le opere sono
in esposizione. La mostra “Erotomachia”, che riunisce 29 disegni erotici di Fellini fatti negli ultimi tempi della sua vita, tra il 1991 e il
1992, rimarrà in esposizione fino al 29 gennaio 2006.
I disegni mostrano l’ultima amante di Fellini, Gianna, con cui il cineasta ha vissuto prima di morire, nel 1993, a 73 anni. Le illustrazioni
di Gianna rivelano una donna grande, forte e sensuale, in contrasto
con un uomo piccolo, quasi senza viso, che le serve da giocattolo.
In Brasile, l’esposizione “Circo Fellini” rimarrà fino al 30 ottobre,
nel Conjunto Cultural da Caixa, Praça da Sé, 111 – São Paulo – SP. Mais
informações: (11) 3107-0498 – www.caixa.gov.br
‘UN REGALO’
I
l prossimo 28 ottobre, il ristorante Milano Doc – a Ipanema – nella
zona sud di Rio commèmora due anni di apertura. Per festeggiare
la data, i proprietari Michelli e Humberto Fernandes serviranno gratuitamente ai clienti prosecco Brut della Fattoria Aurora. La casa ha il
menu ispirato alla cucina milanese, tutto preparato al forno a legna.
Maggiori informazioni: (21) 2522-0303
VINO NELLA VALLE
MARATONA DEL VINO
MARATONA DEL VINO II
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A
L
al 20 a 28 de ottobre
si avrà, nella Valle dei
Vigneti, a Bento Gonçalves,
nello stato di Rio Grande
do Sul, il Festival Sinfonia
della Primavera, con presentazione di cori, concerti, gite per le fattorie, corsi di degustazione di vini
e abbondante gastronomia
regionale. Altre informazioni (54) 451-9601.
ncora nella Valle dei Vigneti, nel febbraio 2006, durante l’apertura della vendemmia, si avrà la prima Maratona Tematica del Vino. L’evento sarà la versione nazionale
della Maratona del Medoc, gara realizzata tra le fattorie della regione di Bordeaux, in Francia. Saranno tre categorie:
professionisti, amatori e infantile. Durante i 42 chilometri
del percorso, gli atleti percorreranno le vinicole della regione degustando i migliori vini accomagnati da formaggi,
polenta, pasta e il tradizionale galletto della regione. Come
premio, il vincitore riceverà decine di bottiglie delle migliori annate a seconda del peso. Ossia, il corridore che pesa 65
chili, si porterà via 65 litri di vino.
a corsa serve anche come studio per la
medicina. La performance cardiaca di
alcuni corridori, che berranno vino lungo il
percorso, verrà analizzata dopo come prova.
Secondo gli organizzatori, il progetto si trova
ancora in fase di finalizzazione e sarà reso noto – così come le iscrizioni – ufficialmente a
novembre. Ci si aspetta che circa tremila persone parteciperanno all’iniziativa, tra atleti e
amatori. La maratona è una iniziativa della
Aprovale, della Pousada Boghetto Sant’Anna,
dell’Hotel Villa Michelon, tra gli altri.
l giorno 7 ottobre, alla presenza del sottosegretario di stato agli Affari Esteri sen. Giampaolo Bettamio è stato inaugurato un nuovo sportello dell’Istituto nazionale italiano per il Commercio Estero (ICE) nella
Casa d’Italia a Rio de Janeiro. L’apertura del nuovo punto mostra che nonostante l´inossidata importanza economica e strategica di San Paolo,
Rio mantiene la seconda piazza economica nazionale con una quota del
PIL nazionale che arriva in questi ultimi anni a sfiorare il 19%. L’ambasciatore Michele Valensise ha voluto sottolineare come la curva di incidenza del Pil dello Stato di RJ su quello nazionale è in costante ascesa
dal 1996 ad oggi. – Questo significa che ci sono delle potenzialità che
noi italiani dovremo saper ancor più cogliere anche grazie a questa nuova antenna dell’ICE. Si tratta di un piccolo ma significativo passo con il
quale le autorità italiane e tutto il Sistema Italia rispondono a questa
esigenza – ha sottolineato l’ambasciatore.
Il direttore dell’Istituto per il Commercio Estero, Riccardo Landi, ha
fatto notare come l’investitore italiano abbia spesso una distorsione
d’immagine informativa di Rio: – Si pensa spesso ad una città in cui vi
è solo spiaggia, turismo e carnevale, invece a fianco vi è tutto un apparato, una struttura economica seconda in Brasile. Landi ha inoltre fatto
sapere che l’intenzione dell’ICE è quella di aprire nuovi sportelli in altre città brasiliane tra la fine del 2005 e primi mesi 2006. La prossima,
in termini di tempo, sarà molto probabilmente Belo Horizonte dove la
presenza della Fiat ha reso l’Italia molto ben voluta da tutte le autorità
brasiliane locali. È stata infatti riscontrata una grande apertura nei confronti del nostro paese – ha ripreso Landi – tanto che le autorità dello
Stato hanno definito una legge che favorisce gli investimenti italiani.
Noi dell’ICE vogliamo quindi proiettare le possibilità di affari anche fuori
lo stato paolista, dove molti imprenditori ed istituzioni brasiliane sono
meno abituati ad essere corteggiati rispetto a quelli di SP. Sono cioè
estremamente aperti a trovare dei partner per gli investimenti e per gli
affari. Il nostro istituto deve stare sul luogo affinché si possa riuscire ad
essere in grado di captare in tempo reale delle notizie sulle possibilità
di investimento in alcune aree.
Il sottosegretario Bettamio, nel suo intervento, ha messo in risalto l’importanza del mercato dell’America Latina grazie alla sua grande
recettività e soprattutto alla sua complementarità rispetto alla nostra
economia se la si compara per esempio a quella cinese, si aperta ma
molto aggressiva. Monito importante poi sulla capacità degli imprenditori e delle istituzioni italiane a fare squadra. – Bisogna che gli attori
economici italiani si uniscano ancora di più per cercare di portare avanti
meno il proprio e di più il comune. In questo senso si colloca la difficile
situazione finanziaria: le banche italiane non sono ancora pronte ad affiancarsi alle istituzioni italiane in Brasile quali ICE, Camera di Commercio e Enit. Mi è venuta in mente questa frase – ha continuato Bettamio
–”abbiamo fatto l’Italia ora facciamo gli italiani”; ovvero dobbiamo fare
questo salto di cultura e di mentalità in cui questa presenza deve essere
una presenza unitaria e qualificata. Il nuovo sportello ICE-RJ sarà diretto dal Diego Tomassini e rimarrà aperto all’8º piano della Casa d’Italia
– Av. Pres. Antonio Carlos 40 - due volte a settimana. (G.I.)
D
al 6 all’8 ottobre si è svolta a San Paolo la riunione continentale del Comitato
Generale degli Italiani all’Estero. Tra i diversi punti dell’ordine del giorno si è
discusso della Conferenza Permanente Stato – Regioni – Province; della divergenza
dei dati fra gli iscritti alle anagrafi consolari e le liste del Ministero degli Interni
e della cooperazione italiana in America Latina. Si è parlato, inoltre, di assistenza sanitaria per gli italiani in America Latina e di formazione professionale per la
piccola e media impresa. Nel corso della riunione, i Presidenti Comites hanno presentato una mozione avente per oggetto la richiesta della revisione dei contributi
stanziati per i Comites che, è stato rilevato, nel corso dell’’ultimo triennio hanno avuto tagli di circa il 50%. Ai lavori hanno partecipato tra i tanti il segretario
generale CGIE Franco Narducci; il consigliere CGIE del Brasile, Rita Blasioli Costa;
l’ex-ambasciatore brasiliano in Italia, André Matarazzo e il console generale di San
Paolo, Gianluca Bertinetto.
LA BELLA
POLENTA...
L
22
Il console Bellelli; il direttore dell’ICE Landi; il sottosegretario sen. Bettamio;
l’ambasciatore Valensise e il nuovo responsabile dello sportello ICE-RJ Tomassini
CONTINENTALE CGIE A SP
TERRORE SIMULATO
C
irca 24 mila persone hanno partecipato alla XXVII
Festa della Polenta, realizzata
a Venda Nova do Imigrante,
interiore Capixaba. L´evento si
è riempito di molta polenta è
chiaro e musica italiana, oltre
ad altre varietà della mamma.
Gabriel Lordêllo
Ansa
’esplosione del 3 ottobre scorso, provocata da un falso terrorista (una bambola), ha aperto nella piazza del Colosseo, a Roma,
una serie di esercitazioni antiterroristiche. Il “suicida” si trovava a
trenta metri dall’apertura della stazione del metrò, prossima al monumento. Sono stati simulati anche falsi incendi che, nonostante la
forte pioggia, hanno mobilitato le “false” vittime e i volontari del
servizio civile. È poi avvenuta una seconda esplosione simulata in un
vagone del metrò in prossimità alla stazione Termini nel centro della città, alla quale hanno partecipato decine di poliziotti, pompieri
e membri della protezione civile con l’obiettivo di evacuare l’area e
accudire le “vittime”.
Ernane D. Assumpção
Notizie
COMUNITÀ ITALIANA
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OUTUBRO 2005
OUTUBRO 2005
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COMUNITÀ ITALIANA
ééEspecial II Guerraéé
60 anos
Capa
André Felipe Lima
24
COMUNITÀ ITALIANA
Foto do livro Invasão da Sicília vitória ou derrota? Editora Renes
Somos incautos por não olharmos para
trás. Desidiosos, rechaçamos a memória
daqueles que viveram uma história, que
esperamos nunca mais presenciarmos na
face da terra: a Segunda Guerra mundial.
Hoje, com o tempo avançando impiedoso,
muitos dos que sobreviveram à destruição
total da Itália, à fome, às humilhações
indescritíveis estão desaparecendo. E, com
eles, relatos contundentes que podem ensinar
às novas gerações que a paz não tem preço e que
tampouco deva ser sinônimo para a dor.
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OUTUBRO 2005
OUTUBRO 2005
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Thassilo Mitke / Editora Objetiva
O
Uma guerra
esquecida
poeta siciliano Salvatore Quasimodo (1901-1968) viu Milão sob
ruínas após incessantes bombardeios iniciados em 11 de junho
de 1940. Já não escrevia mais o
artista, mas todo um povo externando sua dor: “Em vão procuras no meio da poeira pobre mão, a cidade morreu/ Morreu: ouviuse o último estrondo sobre o coração do Navio/
E o rouxinol caiu da antena, alta sobre o convento onde cantava antes do ocaso/ Não escaveis poços nos quintais: os vivos não têm mais
sede/ Não toqueis os mortos, tão vermelhos, tão
inchados/ deixai-os na terra de suas casas: a cidade é morta, é morta.”
Esse era o sentimento dilacerado de civis
que viram suas cidades em chamas, como se um
Nero, patrício de um tempo bem longínquo ao
deles, houvesse ressurgido para ceifar, não somente Roma, mas toda a península. E isso, de
certo modo, aconteceu. A Segunda Grande Guerra não deixa palavras. Impera – com a licença
poética devida – um eloqüente silêncio que insiste em macular o sono de muitos daqueles que
viram os seus entes mais queridos morrerem por
uma causa que não era a deles, mas a de pouquíssimos insanos.
Não estive lá, como Curzio Malaparte, correspondente de guerra e autor do célebre “A pele”,
transformado por Liliana Cavani em um cultuadíssimo filme, que retrata a crueza e brutalidade
da guerra, onde mulheres vendem a si e aos seus
filhos para sobreviverem. Um preço altíssimo a
ser pago. E o sergipano Joel Silveira, hoje com
86 anos, também correspondente, viu as duras
“moedas” daquele triste mercado da guerra:
– O civil sofre mais que o soldado. A guerra passa e deixa aquele rastro de destruição. As
pessoas vão vendendo filho por uma barra de
chocolate. Eu nunca comprei filho, nem coisa
parecida. Como tinha facilidade de comprar roupas e comida junto aos americanos, eu dava às
famílias, embora os soldados não falassem com
os civis por ordens de seus superiores. Muitos
italianos que conheci lá, nunca mais revi. A
guerra subverte tudo. Prevalece a lei da fome.
Subverte todos os valores.
Silveira, na época com apenas 26 anos, recorda que ao embarcar para a Itália Assis Chateaubriand, seu chefe e dono dos Diários Associados,
fez a seguinte recomendação: “Você vá, mas não
me morra!”. O repórter chegou à Bota sob um impiedoso inverno, o que rendeu a recente compilação [O inverno da Guerra – Ed. Objetiva] de algumas de suas melhores reportagens no front, entre
as quais “Eu vi morrer o sargento Wolf”.
– A melhor que fiz. Wolf era um curitibano,
um homem valente. Numa dessas patrulhas, fui
com ele. Era amigo dele. Ele pediu para eu escrever um bilhete, no telégrafo, para sua filha: “Diga assim: ‘Lucinha querida, Papai vai bem, beijo
do Wolf”. Passei o telegrama. A menina recebeu,
mas aí o pai já estava morto. Thassilo Mitke,
fotógrafo, veio comigo. Mas Wolf disse: “Vocês
ficam aqui, daqui em diante o problema é meu e
de meus soldados”. Morreram ele e os soldados.
O repórter brasileiro diz aos mais incrédulos
que “não foi a passeio” e “que chegou lá com 26
e voltou com 40 anos”. A narrativa foi contundente: “Viu casas partidas ao meio”. Como ele
‘A guerra passa e
deixa aquele rastro
de destruição.
As pessoas vão
vendendo filho
por uma barra
de chocolate’
JOEL SILVEIRA,
CORRESPONDENTE DE GUERRA
mesmo frisa em um dos seus relatos, surpreendeu-se com os “meninos andrajosos do porto”,
que lhes “estendem suas mãos magras e súplices”, ou com o “homem magro” do albergo, com
“olhos úmidos e pigarro insistente”, que o ajuda
com sua bagagem, mas que ao receber a paga
pelo préstimo, rechaça as liras. “Quer cigarros,
chocolate, caramelos, qualquer coisa que possa
comer”. A primeira impressão de Silveira foi lacônica: “Tudo está maduro, à espera da morte.”
– Os cocca [limpadores de sapatos, engraxates] eram crianças que viviam nas ruas. Dávamos
gorjeta, mas preferiam leite condensado, pão e
chocolate – recordou Silveira, que hoje já não
conta mais suas memórias pessoalmente. A idade e a conseqüente fraqueza do velho corpo de
guerra o impedem. Por telefone, entre uma tossida e outra, ele foi revirando seu baú.
Não são muitos os que ousam mexer no ocaso italiano durante a guerra. O civil sofreu tanto
quanto qualquer outro cidadão do velho mundo,
mas – até por interdições culturais – os mais antigos não gostam de abordar sobre o tema. Alguns,
porém, não temem, como foi o caso do jornalista
COMUNITÀ ITALIANA
e economista romano Edoardo Coen, hoje com 75
anos, cuja vida esteve por um fio. Apesar de romano, era também judeu. Escreveu parte de suas
memórias no livro “Era guerra... eu era menino”.
Coen teve de trocar o seu sobrenome para
Pratesi logo após 16 de outubro 1943, dia em que
os alemães prenderam os judeus romanos, numa
ação comandada pelo coronel Herbert Kappler e
organizada pelo capitão T. Dammechr, um dos
mais ferozes colaboradores de Eichmann.
– Esta ação foi realizada sem o conhecimento das autoridades fascistas italianas, já que não
inspiravam confiança aos alemães – enfatiza Coen, que cita, inclusive, relatório do próprio Kappler enviado ao general Wolf, da SS, que dizia o
seguinte: “Os policiais alemães foram detidos na
porta de uma moradia por um fascista com camisa negra, com um documento oficial, o que sem
dúvida tinha entrado na moradia judia, usando-a
como própria uma hora antes da chegada da polícia (...) durante a ação não se manifestou nenhum sinal de participação da parte anti-semita
da população (...) o comportamento da população italiana foi claramente de resistência passiva, que num grande número de singulares casos
se transformou em prestações de ajuda ativa.”
Mesmo que os italianos fossem veementemente contrários ao racismo impetrado pelos
nazistas, isso não impediu que vários judeus
italianos ou que viviam na Itália fossem levados
aos campos de concentração.
– Lamentavelmente perdi cinco parentes
meus, pessoas com mais de 70 anos, tios e tias
de meu pai e minha mãe foram presos naquele
dia [16 de outubro de 1943] e nunca mais voltaram – relembra Coen, cujo pai temendo o pior
saiu da Itália em 1939.
O jornalista conta que a correspondência
entre ambos, no decorrer da guerra, limitavase a 30 palavras e era feita através do Vaticano
e da Cruz Vermelha: “Demorava meses para ser
entregue”. Sem poder fazer nada, o pai sofria no
Brasil e Coen, o irmão e a mãe padeciam com a
fome na Itália:
– Em Roma, onde eu morava, a quantia de
pão diária para cada pessoa era apenas de 100
gramas. Um pão, que de ‘pão’ tinha apenas o
nome. Quanto ao restante, como carne, azeite,
manteiga e assim por diante, podia só ser encontrado no mercado negro onde custava cinco
vezes mais. Havia apenas mínima quantidade
de verduras. Nessas condições não podia haver
compreensão por parte de alguém. Apenas as
organizações ligadas ao Vaticano forneciam nas
igrejas uma sopa que servia como suplemento ao
pouco daquele período.
Mas quem mais passou fome foram os cidadãos ao norte, cujas cidades eram dominadas pelos alemães. As do sul – ressalta Coen – menos,
mas também sofreram, apesar de predominantemente agrícolas e de terem os aliados ingleses e
americanos por perto, o que, todavia, não significou nenhum estado pleno de segurança.
O engenheiro Franco Luperi, nascido em
Livorno, em 1930, está botando a memória no
papel. O futuro livro, “Un ragazzo, una guerra”,
mostrará a trajetória de Luperi diante das intempéries do período. Quando a guerra começou, ele tinha apenas nove anos. Comia apenas
200 gramas de pão por dia. Uma ingrata dieta
25
Editora Angellara
Franco Luperi sobre soldados brasileiros e civis italianos: “São povos irmãos”
que perdurou por quase um ano. Sobre o soldado
americano, uma amarga lembrança:
– Ele olhava para a nossa cara, a gente estava
morto [sic] de fome, e jogava a comida fora. Nossa
reação era de raiva. Imagine... estávamos com uma
fome tremenda! A gente comia pão e pão. A comida americana era um alimento. Era coisa que doía
o coração – recorda Luperi, que, durante boa parte
da guerra, viveu em uma sala de aula onde sua família dividia o espaço com mais outras três.
Segundo o coronel Amerino Raposo Filho,
ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira
(FEB) e hoje vice-presidente do Centro Brasileiro
de Estudos Estratégicos (Cebres), era recorrente os
comentários entre civis e soldados brasileiros sobre atrocidades cometidas por soldados ingleses e
americanos. A despeito disso, os pracinhas mantinham um bom relacionamento com os italianos:
– Alguns italianos comentavam essa violência, essa forma bruta, com que americanos e ingleses os tratavam, não só os prisioneiros, mas a
própria população. Repartíamos com civis todas
as sobras de comida. Eu não fumava. Recebíamos todos os dias 4 maços de cigarro. Camel,
Luck Strike, Pall Mall... eram marcas grã-finas.
Na guerra, a razão sai de cena. Tolerância
e alteridade são varridas. Luperi presenciou um
descalabro sem precedentes do qual também foi
vítima. Apesar de ter apenas nove anos, foi processado pelo tribunal de guerra improvisado pelos
aliados na Itália sem nenhuma justificativa plausível. O mesmo tribunal processou médicos que
auxiliavam soldados fascistas feridos no front.
– Participei de um processo, que contarei em
meu livro, durante o qual foram processados médicos que cuidaram de fascistas. Foram absolvidos porque a primeira idéia do médico é salvar o
ser humano, independentemente do caráter religioso ou político – narra Luperi. Todos, inclusive
ele próprio, foram absolvidos.
CONTRA O ANTI-SEMITISMO
Embora a maioria tivesse acreditado que a Itália “seria melhor” com o fascismo, o ingresso na
guerra mascarou uma incômoda situação sócioeconômica e fez recrudescer no povo italiano
uma indignação contra o viés racista proposto
pelo estado fascista, sobretudo contra judeus.
Mas há quem acredite que a postura de subserviência de Mussolini à Hitler encobria um suposto
“nariz-torcido” para o anti-semitismo.
– Mussolini não era anti-semita, nem o povo
italiano. As leis raciais foram promulgadas apenas para acompanhar o seu parceiro alemão, Hitler, e foram aplicadas com pouquíssimo rigor.
Quanto a uma lei que protegia italianos filhos de
Soldado do Duce
Eduardo Coen em 3 fases: “Minha infância acabou no dia 2 de março de 1939”
sa, as minhas tias, eram fascistas. Na mesma casa havia essa divisão. Como a
família é mais importante do que qualquer outra coisa, essa relação se torna
curiosa. Havia muito debate, bate-boca, mas entregar um familiar seria um
absurdo. Em cidade pequena, discutiam muito isso em casa.
O racismo não era focado apenas nos judeus. O coronel Amerino Raposo
recorda sobre uma tropa americana formada apenas por soldados negros,
que trocou de posto – em uma manobra arriscada - com um pelotão brasileiro durante o confronto com os nazistas. Segundo o ex-combatente, a
intolerância entre brancos e negros americanos era franca e poderia ser
vista, logo após o fim da guerra, nas ruas de Roma.
– Em Roma – digo isso porque vi –, eu entrei num ônibus, onde estava um
tenente, sargento ou capitão preto [sic] americano sentado. O ônibus parou
e entrou um branco. O soldado americano se levantou e desceu, embora havia lugar no ônibus. Não podia ficar no mesmo veículo. Vou lhe dar um outro
dado: havia, na via Veneto, no fim da rua, um hotel parecido com o Copacabana Palace. O melhor hotel de Roma. Por trás dele está o Coliseu. Este hotel
era requisitado pelo 5º exército para oficiais aliados. Eu passava uns três dias
para descansar lá. Uma porção de privilégios. Se ganhava tíquetes, cada um
podia levar duas italianas. Eram suítes com telefone, apartamentos com mármore de carrara. Cada banheiro daqueles tinha um telefone. Orquestra tocando 24 horas. Ali era um centro de descanso para os oficiais aliados. Os pretos
[sic] americanos iam por fora, lá no subúrbio meio favelado de Roma. Não
havia como um deles passar por ali. Isso durante a guerra e depois da guerra.
A desconsideração do branco americano com o preto [sic] era total.
INFÂNCIA ROUBADA
“Minha infância acabou no dia 2 de março de 1939, com a quebra da união
familiar”. Assim, de forma pragmática, Edorado Coen resume o último resquício da juventude saudável que ostentava até seu pai sair da Itália deixando esposa e filhos. Aquele passado harmonioso anterior à guerra, resume-se hoje em lembranças “diluídas”:
– O ano de 1946 foi quando a família se reuniu novamente. Sempre fui
muito apegado à minha mãe e a meu irmão, Giorgio. O início da minha vida
brasileira foi um tanto traumático, principalmente nas relações com meu pai,
já que ele não podia compreender a mudança que tinha ocorrido em mim depois de um período trágico como aquele de uma guerra vivida in loco.
Coen cresceu em um contexto onde o que se ensinava nas escolas primárias italianas era a doutrina fascista e o culto ao “duce”. Benito Musso-
A
ntonio Sarpa nasceu na província de Cosenza,
no sul da Calábria, em 8 de abril de 1924.
Seu pai, Giuseppe Sarpa, foi ex-combatente na
Primeira Guerra mundial. Dos sete irmãos – três
homens e quatro mulheres –, apenas Antonio foi
à Segunda Guerra. Hoje vive desde novembro de
1949 em Niterói, onde trabalhou na Companhia
Cantareira. Ficou pouco mais de um mês no emprego. Tornou-se jornaleiro, profissão que mantém até hoje. Mas foi no dia 7 de janeiro de 1943
que o olhar sincero e as palavras duras do pai mudaram sua vida. Era o começo da carreira militar
de Antonio Sarpa fazendo pontes, trilhos e túneis na área de engenharia
dos regimentos fascistas na Segunda Guerra.
Luciana Bezerra dos Santos
judeus, a verdade é que o artigo 8º do Decreto
Lei 1728 de 17 de janeiro de 1938 [as famosas
Leis raciais] dizia: ‘Não é considerado de raça
hebraica quem é nascido de pais de nacionalidade italiana, dos quais um apenas de raça hebraica que em data de 1° de outubro 1938 pertencia
a uma religião diferente daquela hebraica’ – cita
Edoardo Coen. Galeazzo Ciano, ministro do Exterior italiano daquela época, em seu célebre diário, escreveu sobre esse Decreto Lei: “Foi levantado um problema que, felizmente, não existia”.
Coen recorda o livro-reportagem “Eichmann
em Jerusalém”, da filósofa judia-alemã Hanna
Arendt, ex-discípula de Martin Heiddeger – um
dos mais originais pensadores sobre o “ser” no
século XX, que, infelizmente, batia continência
para Hitler. Na página 198, a filósofa afirma que
enquanto a condescendência em relação aos
judeus na Dinamarca era, por exemplo, “uma
questão política, não humanitária”, na Itália era
decorrência da “humanidade geral quase automática de um povo antigo e civilizado”.
Luciana Facchinetti, historiadora, cuja tese
de mestrado transformou-se no bom livro “Parla”
[Editora Angellara], sobre os imigrantes do pósguerra, frisa que Hannah Arendt – ao cobrir, na
década de 1960, para o The New York Times, o
julgamento, em Israel, do carrasco nazista Eicchmann preso na Argentina –, apontou a repugnância dos italianos ao anti-semitismo.
– Foi o primeiro julgamento em Israel. Como
ela colheu muitas informações, escreveu um livro e ali, pelas informações, relatos, ela coloca
no livro que o povo italiano, em geral, se negava... ela vai falando de como fascistas de alto
escalão escamoteavam os nazistas para dar fuga aos judeus. Era uma coisa [sic] do povo, que
não aceitava aquilo. Para o italiano que queria
unificar, formar uma identidade nacional, aquela
coisa [sic] de raça ariana era extremamente incômoda – explica Luciana.
Aliás, essa perseguição aos judeus na Itália
tornou-se um tabu. Quem viveu aqueles momentos, prefere o silêncio. Algo que Luciana sempre
questionava aos pais, até porque nas casas italianas daquela época havia uma cisão ideológica
ferrenha, mas sem conseqüências mais drásticas
para a unidade familiar:
– Minha mãe só dizia para mim que “Jesus
Cristo era judeu”. Não tocavam no assunto. Minha
mãe era muito católica e minha avó também, ela
era antifascista, meu avô, pai do meu pai, também. Sobre essas coisas, eles não tomavam conhecimento porque eram absurdas. Na mesma ca-
ééEspecial II Guerraéé
60 anos
Editora Angellara / Arquivo pessoal
Arquivo Exército Brasileiro
ééEspecial II Guerraéé
60 anos
DERROTA EM STALINGRADO
“Fiquei em Como, no norte da Itália. Fui, em julho, à Polônia contra a União
Soviética. Só a Itália perdeu quase um milhão de soldados no front russo,
em Stalingrado. Recuamos até que nos derrubaram completamente.”
PENA DE MORTE
“Um dia um soldado apanhou uma garota que disse a ele: ‘Vamos à minha
casa’. O militar, quando chegou lá, viu mais duas mulheres e três homens
na casa. Tinha recebido o soldo, uma mixaria. Roubaram o soldado. Quando chegou na portaria do quartel, sem o paletó militar, perguntaram: ‘O
que aconteceu?’. Eu servia na portaria. O tenente pegou duas caminhonetes, apanharam os três rapazes e as três moças e levaram ao quartel. O
tenente ligou para o coronel, que disse: ‘Mata! Morte, e acabou. É finito!’.
Colocaram eles no paredão e... fogo! Botaram os corpos na camionete e
depois os jogaram no mar. Isso foi em 1944, em Como. O soldado que foi
roubado, depois de uma semana, foi para o front e morreu.”
OS AMANTES E O PADRE
“Havia um soldado que tinha uma namorada na minha cidade. Queria
se casar para deixar a pensão para ela porque sabia que ia morrer no
front. Se casaram no civil, mas queriam casar também no religioso. O
padre não quis casá-los. Depois de três dias, uma bala pegou o padre,
que morreu. O soldado foi para o front e morreu também. A garota ficou com a pensão. Depois disso, jamais entrei em uma igreja.”
SAUDADE DOS PAIS
“Meu pai era de 1893. Ele fez quase quatro anos e meio de Primeira
Guerra. Ficou mutilado no trabalho após a guerra porque a árvore lhe
quebrou a espinha dorsal. Quando parti, ele disse para mim: ‘Olhe, vá
embora e não se despede de ninguém porque você vai morrer’. Meu pai
dizia à minha mãe: ‘Ele morreu. Está morto. Acabou, não precisa chorar, não’. Dois anos depois minha mãe recebeu a minha primeira carta.
Ela ficou toda alegre [Sarpa sorri, mas com o olhar marejado].”
cronologia de um ocaso
1914 – Mussolini é
expulso do Partido
Socialista Italiano
(PSI).
26
1918 – A Itália, sob a
monarquia de Vittorio
Emmanuele III, troca
de lado político, alia-se
à França e à Inglaterra
e vence os alemães e
austríacos na Primeira
Guerra Mundial. Os
problemas sociais
permanecem. Fomenta-se
o ideário fascista.
1919 – Benito
Mussolini lidera o
movimento fascista a
partir de 23 de março
de 1919.
1921 – Fundado no
Congresso do Fascio,
em Roma, nasce o
Partido Nacional
Fascista (PNF).
1922 – A famosa
marcha sobre Roma
de 22 de outubro da
população consolida
o duce no poder, com
o aval irrestrito de
Vittorio Emmanuele III.
COMUNITÀ ITALIANA
/
OUTUBRO 2005
1923 – Reforma
eleitoral aprovada
pela Câmara
dos deputados,
garantindo o poder
do duce.
OUTUBRO 2005
1924 – Eleições em
abril. Assassinato,
no mês seguinte, do
secretário geral do
Partido Socialista
Unitário (PSU),
Giacomo Matteotti,
pelos fascistas.
Matteotti denunciava
fraudes eleitorais.
/
COMUNITÀ ITALIANA
1925 – Mussolini faz
discurso em janeiro,
reivindicando a
autoria do assassinato
e desafiando os
opositores. Era a
ditadura.
1926 – Criados a
polícia política e o
tribunal especial, este
condenou o filósofo
comunista Antonio
Gramsci e o último
secretário do Partido
Popular (PPI), Alcide
de Gasperi.
27
ééEspecial II Guerraéé
60 anos
lini aproveitou-se de um cenário onde o analfabetismo predominava. Veio-lhe a idéia: fomentar
gerações de fascistas para a manutenção do status quo. O que se seguiu a década de 1930 foi o
acirramento totalitário do modelo político.
O historiador João Fábio Bertonha, que lançou recentemente “Os italianos” [Editora Contexto], aponta que no final do século XIX, “mais
de 60% da população economicamente ativa
na Itália trabalhava no campo, sendo que 80%
deles não tinham terras. A economia era fortemente agrícola. A maior parte dos 22 milhões
de italianos era camponesa, que trabalhava em
um cenário insalubre sob os constantes riscos de
contágio de malária, cólera entre outras doenças. O índice de analfabetismo era de 80%.”
– A juventude daquela época, nascida e crescida sob o regime fascista, tinha recebido uma educação voltada ao culto da pátria, transformando
o patriotismo em retórica. A idéia da nação, em
nacionalismo exasperado e inculcando nos jovens
a necessidade de combater pelo tricolor [bandeira
da Itália], transformando a guerra como a prova
definitiva da vitalidade e maturidade de um povo
e a morte em batalha como o corolário de uma vida digna de ser vivida. A Gil [Gioventù Italiana del
Littorio], que substituiu a ONB [Opera Nazionale
Balilla], foi a tentativa de militarizar as novas gerações transformando-as em dóceis instrumentos
do poder central – destaca Coen.
Desde os seis anos de idade, conta Coen,
quando a criança iniciava o ciclo escolar numa
escola pública era automaticamente inscrita na
Gil, como figlio della Lupa [Filho da Loba], recebendo a respectiva farda com a camisa negra.
Dos oito aos dez anos era promovido a balilla e,
em seguida, a balilla moschettiere [balila mosqueteiro], quando o jovem aprendia a usar uma
arma de brinquedo. Concluídos os três anos de
escola média [ginásio], tornava-se avanguardista. Durante essas fases aprendia-se a marchar e
a desfilar recebendo sempre uma “lavagem cerebral”, como frisa Coen:
– Somente com as derrotas militares da Segunda Guerra, esses jovens perceberam que tudo
nada mais era que um castelo de cartas. Muitos
deles, que tinham aprendido como usar as armas,
se transformaram em membros da resistência.
CULTO AO DUCE
O fascismo surgiu em Milão no dia 23 de março
de 1919, fundado por Benito Mussolini, que criou
uma organização denominada fasci di combattimento [esquadrões de combate], composta por
ex-combatentes e desempregados. A nova organização política contou com o financiamento de
alguns industriais, como explica Bertonha em “Os
italianos”: “É um erro pensar, contudo, que ele foi
mera criação de seu líder máximo, Benito Mussolini, ou que era tão só uma reação ao contexto de
crise geral em que a Itália atravessava em 1919,
após sair a Primeira Guerra mundial. Claro que
Mussolini é figura-chave para se entender o fascismo e é evidente que as idéias fascistas surgiram para dar conta dos problemas italianos. Ainda
assim, é importante perceber que o fascismo foi
se adaptando às necessidades políticas que iam
‘Ele [soldado
americano] olhava
para a nossa cara,
a gente estava
morto [sic] de
fome, e jogava a
comida fora’
FRANCO LUPERI, ITALIANO
surgindo, assim como as idéias que os fascistas
usaram para criar seu movimento já estavam presentes há um bom tempo na sociedade italiana”.
Para Bertonha, o fascismo bebeu na fonte
dos nacionalistas, sindicalistas revolucionários e
intelectuais futuristas, estes últimos “defensores da entrada da Itália no mundo moderno via
rompimento radical com o passado, renovação
artística e estética e nacionalismo”, o que, assevera o historiador, vários autores confirmam.
Se o impacto do fascismo nos ensinos básico e
médio era contundente, na universidade não seria
diferente. Ela sentiu o peso da mão-de-ferro de
Mussolini. Bertonha recorda que professores foram
obrigados a aceitar o fascismo e os estudantes foram enquadrados em órgãos fascistas específicos.
Mas foi mesmo ao mundo da escola primária, porém, que o fascismo dedicou mais atenção: “Seria
na escola, mediante a doutrinação da juventude,
que se criaria o ‘novo homem’ fascista.” (...) Além
da instrução religiosa e da ênfase no estudo do
italiano [em oposição aos dialetos locais] o regime
enaltecia nestes dois segmentos sociais a “vitória” do duce e “suas grandes realizações” que “recolocaram” a Itália em um patamar de importância no cenário sócio-econômico mundial.”
A também historiadora Luciana Facchinetti
ressalta que – apesar do intenso controle ideológico – Mussolini temia um vultoso êxodo, que
inevitavelmente fragilizaria suas pretensões em
consolidar-se no poder. Ele utilizou-se de todos
os artifícios possíveis (e impossíveis, não menos
obscuros!) para atingir sua meta.
– Metade da população realmente acreditava
que Mussolini ia fazer da Itália um novo país. O
que houve foi uma propaganda maciça. Mussolini obrigava as crianças a irem à escola. As famílias que não cumprissem isso eram chamadas à
delegacia. Pagavam multa. Tinham de fazer pelo
menos o primário. Não porque Mussolini fosse
bonzinho – comenta Luciana.
Pergunto à historiadora se o interesse predominante dessa malfadada ascensão de Mussolini
era a doutrina de que “o fascismo é duro, mas
útil”. Ela responde:
– Exatamente. Porque ele vai formar uma geração de fascistas, ao mesmo tempo em que faz escolas técnicas, elitizando a educação. Essas pessoas têm de saber ler escrever para ler jornal e repetir o discurso dele porque rádio era algo caro.
Nas entrelinhas, Mussolini incutia na população um ideal nacionalista exacerbado. Para ele,
a “Itália era linda, maravilhosa”. Disseminava-se,
portanto, um viés egocêntrico, quase narcisista,
que ignorava o que acontecia para além da janela
da própria casa. O mundo era a Itália, como assim
defendiam os antigos romanos. Deu no que deu.
HUMILHAÇÃO EXTREMA
Mussolini ficou acuado. Foi preso, mas os nazistas o libertaram. Essa parceria transformou
o norte da Itália em um caos sem precedentes.
Estava fundada a nefanda Repubblica Sociale
Italiana [Republica de Salò], retratada por Pier
Paolo Pasolini no cinema com “Saló: 120 dias de
Sodoma”, onde uma trupe de padres, fascistas
e nazistas sevicia adolescentes. O filme é para
quem tem estômago forte. Para muitos, Pasolini
exagerou. Pintou com cores fortes demais.
– Naquela época sabia apenas que existia a
República de Saló, e que estava ao serviço dos
alemães invasores. Quanto às aberrações descritas por Pasolini, acredito que sejam apenas fantasias cinematográficas, mesmo sabendo que os
‘republiquinos de Saló’ não eram santos – pondera Edoardo Coen.
ééEspecial II Guerraéé
60 anos
Há ‘lógica’ para o sadismo?
Kappler ordenou fuzilamento de mais de 300 judeus italianos em 44. Morreu em 78.
Mas organizador da lista negra das Fossas Ardeatinas vive impune até hoje
A
ordem do chefe da SS em Roma, heir Herbert Kappler, foi lamentavelmente irrevogável pela intolerância: para cada um dos 33
soldados alemães mortos no ataque da resistência italiana ao
quartel general nazista em Roma, no fatídico março de 1944, o fuzilamento de 10 civis. A equação assassina começava por 260 pessoas de
prisões romanas. Os carrascos contaram, mas faltava gente. Dos guetos da cidade foram detidos a esmo 75 judeus. No dia 24 de março de
1944, um dos crimes mais hediondos da guerra na Itália: os cidadãos,
a grande maioria italiana, foram levados às Fossas Ardeatinas, cavernas
próximas às catacumbas da Via Appia, e lá foram fuzilados por soldados
embriagados, que não economizavam munição. Trinta e nove corpos foram encontrados sem cabeça.
Em 1948, Kappler foi condenado à prisão perpétua. No ano seguinte, porém, fugiu do Hospital Militar do Célio dentro de uma mala carregada – não se sabe como – por sua esposa Anelise Kappler, que escreveu um livro contando sobre a fuga. Há quem acredite na tese de que a
Odessa – rede internacional de ex-nazistas – é que ajudou Kappler a sair
do hospital. O câncer matou o nazista em 1978, na Alemanha
Já o organizador da lista das Fossas Ardeatinas e ex-capitão de Kappler, Erich Priebke, viveu tranqüilos 40 anos até maio de 1994, na cidade de Bariloche, na Argentina, quando foi descoberto e detido. No ano
seguinte, foi extraditado junto com outro ex-oficial nazista, Karl Hass,
de 88 anos, para a Itália. Os dois oficiais foram condenados em março
de 1998 por um tribunal de Roma pelo massacre da Fossas Ardeatinas.
Na prisão militar de Forte Boccea, o ex-SS Priebke surpreendentemente
recebeu mais de 500 cartas de fãs.
Priebke está preso? Não totalmente. Em agosto, por exemplo, gozou
“férias” concedidas pela Justiça Italiana. Foi “espairecer” com os seus
92 anos de idade na casa de um “amigo”, em Varese, no norte da Itália. Priebke foi libertado devido à suposta fragilidade de sua saúde no
final de 1999, desde então se mantém em regime de prisão domiciliar
em Roma, na casa de um outro “amigo”. Quem conheceu canalhas dessa
estirpe durante a guerra, jamais os esqueceria.
– Em 1941, a prefeitura de Roma, por causa dos acontecimentos
bélicos, que aumentaram o número dos moradores em Roma, ordenou
àqueles que possuíam apartamentos com quartos que superavam um
certo número de moradores, a alugarem um deles. Quem se apresentou para alugar o quarto da nossa residência foi um capitão do exército alemão com a esposa italiana. Apresentou-se como o secretário
do adido militar da embaixada alemã. Quando dissemos que éramos
judeus, disse apenas: ‘E eu com isso? Vocês não são canibais, nem
espiões. Ficamos com o quarto, sem dúvida nenhuma’. O nome desse
capitão era, creio, Screiber. Era engenheiro e residia na Itália desde 1920 como representante de uma empresa alemã que fabricava
máquinas para tipografia. Se exprimia num italiano perfeito e era
de uma gentileza fora de série. Amante da arte italiana, discutia
com meu avô os vários estilos artísticos, principalmente o do
Renascimento, que admirava acima de tudo. Como trabalhava
na embaixada alemã, semanalmente convidava os seus colegas
militares para jantar. A esposa, apesar dos mantimentos que
punha à disposição, era um verdadeiro desastre ferroviário
[sic] na cozinha, e por isso era minha mãe quem aprontava os jantares (era esta uma ajuda interessada já que uma
parte era para nós), que eram apreciados com esmero.
Quando souberam que quem cozinhava era minha mãe,
exigiram que nós também participássemos dos jantares.
Esses militares convidados eram todos SS, do serviço
de informação e proteção. Sabiam evidentemente que
a casa onde jantavam era de judeus. Apesar disso,
nunca uma palavra ofensiva foi pronunciada. Um
deles tinha simpatia por mim. Sempre me trazia
um par de salsichas alemãs (Wustel). Brincava
comigo, comportando-se sempre com a máxima educação e simpatia. Somente depois da
guerra viemos a saber que ele era Herbert Kappler, o massacrador [sic] dos judeus presos
em 16 de outubro 1943 e dos 335 reféns
assassinados nas Fosse Ardeatine. Agora,
passados tantos anos, sinto de não têlo conhecido bastante, já que com isso
poderia ter uma razão lógica e racional
sobre o mecanismo que desencadeia
loucura, crueldade e sadismo no ser
que se diz humano – recorda o jornalista e economista Edoardo CoKap
ple
en, judeu-italiano.
r
Kappler virou dois filmes. No
primeiro deles, encarnado pelo
ator Richard Burton, em “Massacre em Roma”, de 1973; o
segundo, na pele de Christopher Plummer [A Noviça
Rebelde], em “O escarlate
e o negro”, de 1983.
P
rieb
ke
cronologia de um ocaso
1928 – O novo
grande conselho
fascista consolida
a ditadura e o
despotismo de
Mussolini.
28
1937 – Muito
doente, o jornalista
e filósofo Gramsci
é definitivamente
solto para morrer, no
dia 23 de abril, fora
da prisão. Mussolini
visita Hitler, em
Berlim.
1940 – A Itália declara, em junho,
guerra à França, mas, no mesmo ano,
o armistício franco-italiano é assinado
em Roma. Os combates param em todas
as frentes. A Itália ataca, em agosto,
a Somália; em setembro (sem êxito),
o Egito, e, em outubro, a Grécia pela
fronteira com a Albânia. Vitória grega,
em novembro, em Koritsa. Em dezembro,
Sidi Barrani é reocupada pelos britânicos.
Os italianos recuam na Albânia.
COMUNITÀ ITALIANA
/
OUTUBRO 2005
1941 – Hitler envia à
Líbia as tropas do general
Erwin Rommel para ajudar
seus aliados italianos. Os
Estados Unidos entraram
na guerra contra o Japão
em 8 de dezembro e
a Alemanha e a Itália
declararam guerra aos
Estados Unidos três dias
depois.
OUTUBRO 2005
/
COMUNITÀ ITALIANA
1942 – Getúlio
Vargas autoriza o
Governo brasileiro
a declarar guerra à
Alemanha e Itália
em 22 de agosto.
29
Cel. Amerino Raposo Filho
ééEspecial II Guerraéé
60 anos
A massa da Piazza Loretto mata Mussolini e comemora o fim da guerra
Mas se a crítica de Pasolini era considerada
inverossímil, não poderia se dizer o mesmo do
constrangimento pelo qual passaram muitos italianos, principalmente mulheres. Na maioria das
vezes não restava outra alternativa a não ser
oferecer serviços, no mercado negro, às tropas
aliadas, em expedientes de todos os tipos, inclusive a prostituição. Quando não eram os aliados,
os nazistas eram atendidos para os nefandos e
humilhantes “serviços”.
– É necessário levar em conta que os americanos e os ingleses, com as tropas de outras
nacionalidades, representavam os libertadores.
Normalmente, em qualquer exército, há elementos de todos os tipos e instintos, e fatos
estarrecedores devem ter acontecido. Temos
que reconhecer, no entanto, que quanto à
crueldade, o soldado alemão era, nesse ponto,
mais disciplinado. Os americanos normalmente eram mais dados, simpáticos e alegres, enquanto os ingleses eram mais retraídos e sisudos – diz Coen.
Mas não há como passar a mão na cabeça de
ninguém. Impossível. Edoardo Coen lembra que
além de alemães, ingleses e americanos, soldados
de outras nações cometeram atrocidades de colocar no chinelo até mesmo “Saló”, de Pasolini:
– A mancha negra desse quadro foram os
marroquinos, que pertenciam ao exercito francês. Eram, literalmente, selvagens, não faziam
prisioneiros, tinham o costume de cortar as
orelhas dos inimigos como troféu. Estupravam
mulheres e homens como se fosse a coisa mais
natural do mundo, matando aqueles que ousavam resistir.
Duas pequenas cidades italianas ao sul de
Roma, Ausonia e Esperia, foram ocupadas por
aquela “horda de bárbaros”, como narra Coen.
– Nenhuma mulher conseguiu se salvar, daí
surgiu o triste ditado: “dagli 8 agli 80 anni “
[dos 8 aos 80 anos]. Houve, evidentemente, casos de estupro por parte dos americanos, mas
esporádicos, como houve também um caso isolado por parte de soldados da FEB [Força Expedicionária Brasileira], que mataram um homem
que queria defender a mulher. Foram condenados
à pena capital por parte de um tribunal militar
brasileiro, mas em seguida foram anistiados por
Getúlio Vargas.
Casos de italianas estupradas por brasileiros aconteceram, mas o deslize de poucos não
maculou a importância da FEB na Itália. Em um
destes casos, o réu foi sentenciado à morte, como regia o art. 44 do Decreto-Lei 6396/44. No
entanto o indulto presidencial de 1945 livrou o
réu da pena de morte.
Estes “poucos” transgressores da missão solidária da FEB contra o nazi-fascismo foram presos pela milícia de outros países, como constam
dos relatórios de guerra da Justiça Militar bra-
sileira e como está publicado no estudo “Guerra
e Sexualidade – Delitos Sexuais na Campanha da
Itália”, do historiador formado pela Universidade Federal do Paraná, Bruno Callado de Araújo,
da Academia Montese, grupo de estudo sobre a
chamada “Nova História Militar Brasileira”. Um
dos coordenadores e fundadores da Academia
Montese, o historiador Dennison de Oliveira,
ressalta que os casos de transgressão nas tropas
da FEB eram “muito raros” e que o relacionamento dos soldados brasileiros com os civis foi
bastante “positivo”:
– As tropas brasileiras foram as únicas a serem homenageadas na Itália com monumentos.
Há, contudo, dois casos escabrosos de violência cometida por soldados da FEB: O “Balestra
Eletra” e o “Pichioni Rosina”.
O primeiro deles é brutal: “No dia 19 de outubro do corrente ano, cerca de 15 horas, na estrada que liga a cidade de Pisa ao acampamento
da FEB, próximo ao cruzamento com a Vila Capamone, na região de São Rossore, Pisa, Itália, o
acusado aproximando-se da senhora Balestra Eletra, nonagenária, de nacionalidade italiana, sob o
pretexto de examinar um anel, convidou-a para a
prática de conjunção e como fosse repelido, empurrou a referida senhora para uma vala, pisandoa e dando-lhe pontapés, que lhe causaram os ferimentos, além de ameaçá-la com um punhal.”
O segundo, não menos: “No dia 22 de dezembro de 1944, na localidade de Cruce de Capugnano, Itália, na casa nº 23 da referida localidade, cerca das 17 horas, os acusados, armados aí chegaram e começaram a palestrar, até
que passaram a dar tiros amedrontando os seus
moradores e fazendo com que abandonassem a
mesma, momento em que o primeiro atirou-se
a ofendida, Pichioni Rosina, dominando-a com
o seu sabre, levou-a para um quarto, violentando-a, praticando com ela conjunção carnal
enquanto o segundo acusado, com o seu sabre,
mantinha-a sujeita ao ato, findo este, trocaram
os papéis, passou o segundo acusado à prática
de conjunção carnal com a ofendida enquanto o
primeiro armado de sabre a sujeitava a se deixar violentar. Enquanto isto ocorria no interior
da casa, na porta da mesma, o terceiro denunciado, armado, vigiava, montando a sua guarda
para que ninguém se aproximasse, aguardando
a sua vez de satisfazer os seus instintos, quando
chegou socorro da parte de um oficial e praça
do Exército Inglês.”
“A vida sexual dos combatentes no front”
[editora Duas Cidades,1973] narra uma trajetó-
ééEspecial II Guerraéé
60 anos
ria mais amena do envolvimento de pracinhas
com italianas, como confirma o depoimento do
ex-combatente Roberto Antônio de Mello e Souza, cuja função era desarmar minas:
“De mulheres, a gente sentia muita falta.
Principalmente quando o perigo relaxava e se
tinha tempo de ficar minhocando bobagem e
dar umas voltas e ver algum rabo de saia. Aí o
negócio mordia fundo e a rapaziada procurava
um jeito de se virar. Mas nunca vi ninguém que
tivesse abusado. Ouvi dizer de algumas maldades que uns praças andaram fazendo. Mas só de
ouvir falar. Nunca soube de ninguém. E se quisesse bem que podia, porque a miséria daquele
povo era tanta que a troco de comida e de sabão
se arranjava até mercadoria finíssima (...) Nos
acampamentos antes do front vinham muitas
mulheres, deitavam no mato mesmo e a praçaria
[sic] fazia fila e ia mandando. Mas numa porcaria
daquelas eu nunca me meti. Em fila não, eu não
sou nenhum animal.”
Ao contrário de Coen, Franco Luperi guarda
boa impressão dos soldados da FEB. Durante a
guerra, a esposa fez a primeira comunhão com
os brasileiros. A festa ficou por conta deles. “Tinha inclusive biscoitos Aymoré”, conta Luperi.
Os pracinhas foram sempre bem recebidos pelas
famílias italianas.
– Posso dizer que são povos irmãos. Diferentes (E muito!) de outros aliados como os ingleses e americanos, que não deixaram absolutamente uma boa impressão e nem lembranças
agradáveis – ressalta Luperi.
Ele tem os seus motivos para criticar os excombatentes dos Estados Unidos e da Inglaterra:
– Quando os americanos foram embora, na
parte de Livorno, no Reno, ficavam as tropas
americanas. Em Ancona, viviam os ingleses. Tive mais contato com os ingleses. Mas me lembro que quando voltamos à Livorno, quando os
americanos foram embora, eles pegaram algumas garotas, que chamavam de signorinas, todas maiores de idade. Não existia isso de prostituição infantil. E muitas vieram da Sicília
para cima juntas com os americanos. Não eram
todas da minha terra. Algumas, claro, eram
de lá. Os fascistas pegavam estas signorinas
e raspavam toda a cabeça delas. Em Livorno
isso aconteceu.
Os fascistas eram sádicos. Para não ficarem
por baixo diante dos alemães, aprenderam com
esmero o que de mais lamentável e inescrupuloso os nazistas “ensinavam”. Mas os americanos
também não portavam auréolas e, ao se fazerem
FEB toma Monte Castelo, após controle de Montese. A 148º divisão Panzer alemã se rende
de “santos libertadores”, alguns – recorda Luperi
– pagaram um alto preço:
– De vez em quando – e é uma coisa meio
estranha de dizer – os americanos molestavam
nossas mulheres de bem. Mas não consumiam.
Alguns deles não viveram o suficiente para contar o resto da história. Era mais ou menos assim:
‘Fica na tua, que fico na minha’. Na minha cidade
há muitos canais, e eu encontrava mortos nos
canais, mas não se sabia por quê.
O coronel Amerino recorda que, embora
houvesse casos isolados como o narrado por
Luperi, muita italiana se encantou por pracinhas brasileiros.
– Houve muito caso de italiana que veio para
aqui casada.
Pergunto a ele, contudo, se muitos filhos foram deixados lá. Ele lembra, sem citar nomes, do
caso de um amigo de front:
– Ele acha que sim [de ter uma filha na Itália].
Porque uma determinada jornalista de TV – por
sinal, muito bonita – tem o sobrenome parecido
com o dele. Ele foi segundo tenente e ela se apaixonou. Era filha de pessoas com muito recurso.
PRACINHAS E CIVIS
A convivência das tropas da FEB com os civis confirma o coronel Amerino – “foi a melhor possível”. Vários ex-combatentes visitam a Itália, e
comovem-se com a receptividade dos descen-
dentes daqueles que não sobreviveram à guerra
e, sobretudo, dos que resistiram.
– Italianos encanecidos, com 70 ou 80 anos,
se emocionam às lágrimas ao reencontrarem os
brasileiros. Era uma relação extremamente fraternal das nossas tropas com aquelas famílias
e aquelas casas que ocupávamos nos Apeninos.
Casas isoladas, as famílias se desvelando para
cederem um quarto ou dois.
O coronel recorda uma história trágica e, ao
mesmo tempo, cômica de um pracinha que ao
ser atingido por estilhaços de um morteiro achava ter sido involuntariamente castrado:
– Lélio Gonçalves Amorim comandava um pelotão. Logo que começou o ataque o combatente Mega é gravemente ferido e morre ali mesmo.
Amorim é atingido por estilhaços e fica muito ferido. Perdeu massa muscular. Ele pensou que ficaria castrado. O brigadeiro Ruy Moreira Lima – que
viria ser seu cunhado – assistiu a tudo. Em uma
casinha, em Montese, de uma família muito pobrezinha, Amorim foi atendido, mas fazia um drama danado: ‘Tô castrado!’. Os padioleiros fizeram
o torniquete e viram que não estava castrado. Aí,
ele disse, brincando: ‘A primeira italiana que eu
pegar, vou me vingar’. A senhora da casa fritou
uns ovos de galinha para ele, que estava perdendo muito sangue... isso marcou. O Amorim conheceu anos depois essa família e teve uma crise de
choro terrível, e a família italiana também.
cronologia de um ocaso
1943 – O general Vittorio Ambrosio é nomeado, em janeiro,
Chefe do estado maior italiano. O governo italiano ordena, em
junho, a evacuação de Nápoles e das cidades da Sicília. No
mês seguinte, as forças italianas na Sicília ocidental rendemse. O Rei da Itália é convidado a comandar as Forças Armadas.
Reunião do Grande Conselho Fascista em julho. Mussolini
demite-se e é preso. O marechal Badoglio é nomeado PrimeiroMinistro. A Lei Marcial é declarada em julho e o Partido Fascista
dissolvido. Os alemães se retiram da Sicília em agosto e Roma
é declarada “cidade aberta”. O 8.º Exército britânico ataca, em
setembro, a Itália continental, através do Estreito de Messina,
30
desembarcando na Calábria, no Sul da Península. O armistício
com a Itália é assinado em segredo, para se tornar efetivo no
dia 8. As forças armadas italianas são desarmadas pelo exército
alemão. Um grupo de 90 pára-quedistas alemães, comandados
pelo oficial das SS, Otto Skorzeny libertam Mussolini. Os
alemães abandonam a Sardenha, expulsos pelas tropas italianas.
Mussolini proclama a República Social Italiana, a “República de
Saló”, no Norte de Itália ocupado pelos alemães. O 5.º exército
americano entra, em outubro, em Nápoles. O ataque da Luftwaffe
(força aérea alemã) a Bari, no Sul da Itália acerta em barcos de
munições. A Itália declara guerra à Alemanha.
COMUNITÀ ITALIANA
/
OUTUBRO 2005
1944 – Víttorio Emmanuele III renuncia a favor de seu
filho Humberto II. Iniciada a batalha de Monte Cassino,
em janeiro, e a ocupação em maio. O general Alexander,
comandante supremo aliado em Itália, apela à população de
Roma, em junho, para salvar a cidade da destruição. Hitler
autoriza, no mesmo mês, o general Kesselring a abandonar
Roma. O 5.º exército entra em Roma. Em 12 de julho, a força
aérea aliada ataca as pontes sobre o rio Pó, no Norte da
Itália. Em agosto, o 8.º exército britânico, em Itália, chega
aos subúrbios de Florença.
OUTUBRO 2005
/
COMUNITÀ ITALIANA
1945 - No Norte de Itália,
o 8.º exército britânico e o
5.º americano atingem, em
abril, o rio Pó. No mesmo
mês, Mussolini é capturado
perto da fronteira da Suíça por
guerrilheiros italianos sendo
morto e dependurado de cabeça
para baixo com seus secretários
e a amante Clara Petacci.
31
ééEspecial II Guerraéé
60 anos
JUNTAR OS CACOS
Os camponeses, que até 1938 correspondiam a
82% da população, recebeu o maior impacto dos
descalabros fascistas. A crise econômica no campo
acentuada por perda de salários e dificuldades de
acesso à terra, aliada à escassez de empregos nas
áreas urbanas, levou ao cadafalso a Itália. Foi nesse terreno onde pisou com firmeza o fascismo, com
seu exacerbado discurso nacionalista. Seduziu as
classes populares, “vendendo” a elas uma frondosa Itália. Mussolini jogou o país num tabuleiro de
guerra sem a menor parcimônia. Invadiu a Etiópia,
meteu o bedelho na guerra civil espanhola e, por
fim, o pior tropeço: a parceria com Hitler declarada
no dia 10 de junho de 1940, diante de uma multidão em Roma. A Itália estava, portanto, na guerra.
Quando a massa tentou organizar ações antifascistas, já era tarde. Quem tentou, se deu mal.
32
– Nunca assisti a um fuzilamento. Apenas
no ano de 1946, acho que em abril, quando na
periferia de Roma brincava com alguns amigos,
de longe vi um pelotão de soldados perfilados
em frente a uma cadeira fincada na terra. Apenas isso, já que fomos enxotados pelos guardas.
Depois soube que se tratava do fuzilamento de
Pietro Caruso, chefe da polícia de Roma no período da ocupação alemã – diz Coen.
E foi assim, da década de 1930 até o final
da guerra, que a Itália presenciou uma ilimitada
agressividade, como frisa Bertonha, começou com
a invasão e a conquista da Etiópia em 1935-1936.
No ano seguinte, começou a guerra civil na Espanha. “Movido por desejos geopolíticos de ampliar
a sua influência na península ibérica, e por um
senso de solidariedade fascista, Mussolini engajou-se a fundo nesse conflito: foram enviadas dezenas de milhares de soldados italianos (dos quais
seis mil morreram), centenas de aviões, milhares
de veículos e canhões, centenas de milhares de armas portáteis etc. Os adeptos do general Francisco
[Francisco Franco, que se manteve no poder até a
década de 1970] venceram a guerra, o que deu a
Mussolini a certeza de que a Itália estava no caminho certo para que seu sonho de torná-la grande
potência se tornasse realidade.”
Ocaso na África, fiasco na Grécia e aliados na
Sicília. O sonho de Mussolini, que já estava no poder há quase três décadas, ruiu. A situação apertou para o lado dele. Em 24 de junho de 1943, o
rei Vittorio Emanuele III se voltou contra o “duce”
e, com o apoio de alguns fascistas, derrubou-o do
poder. Ao prenderem Mussolini e instalarem um
governo provisório, os italianos imaginavam-se livres dos nazistas. Mas as tropas de Hitler dominaram o norte do país e libertaram Mussolini.
A resistência do eixo durou quase dois anos.
Até que Mussolini foi preso pelos partigiani e...
Joel Silveira conta como tudo acabou:
– Não cheguei a presenciar o massacre, mas
vi os corpos já inchados dependurados na Piazza Loreto, amarrados pelas pernas de cabeça
para baixo. Jogavam pedras, cuspiam. Os rostos
estavam desfigurados. Tudo durou quatro horas.
Além de Mussolini e Clara Petacci, também foram linchados pelos partigiani e populares Archille Starace, secretário do partido Fascista, e
Alessandro Pavolini, ministro da Cultura. Muito
tempo depois, Rachelle, esposa de Mussolini,
que não se metia em política, isso 10 anos depois da morte dele, pediu o corpo para que fosse
enterrado no norte da Itália. Os partigiani não
queriam matar Clara [Clara Petacci, amante de
Mussolini, morta com ele], mas ela ficou na frente dele para defendê-lo. O dia 29 de abril de
1945 foi o pior da minha vida. Além de ir ver
Mussolini morto, em Milão, tive de retornar, 200
quilômetros à Verona, à leste, para cobrir a rendição da panzer alemã aos brasileiros.
Coronel Amerino, que acompanhou a prisão
de uma tropa alemã com 16452 soldados, também esteve lá e viu os corpos de Mussolini, de
Clara e de seus signatários:
– Tenho as fotografias dele dependurado na
praça. As vendiam ali mesmo. As fotos são horríveis, afinal ele era chefe de estado. Penduraramnos pelos pés, sangraram os corpos dela também
[Clara Pettacci], mas tiravam fotografias e vendiam em uma loja. Quando chegamos, comprei,
mas, no dia seguinte, o serviço de informação do
5º Exército mandou apreender tudo. O que é natural, porque tudo estava sendo muito explorado.
LINGUA ITALIANA
OS EFEITOS
L
A alma italiana foi seqüestrada naquele período. E
levaria tempo para resgatá-la. Somente no final da
década de 1950 a vida começaria a normalizar-se.
Com tudo destruído, a economia da bota e a penúria total da população eram lamentáveis. A produção industrial e agrícola havia caído de 40, em
1939, a 70%, no pós-guerra. Um pão, que custava
2,23 liras o quilo em 1940, passou a custar 73 liras
em 1947. O quilo da pasta (massa), de 2,78 liras,
saltou para 120 liras. Um cálculo aproximado indica que a guerra custou à Itália o equivalente a três
anos de produção nacional, nos valores de 1939.
Pesquisas da época, segundo dados de Franco
Cangini, em “Storia della Prima Repubblica” [Ed.
Newton Compton - 1994], apontam que seis milhões viviam em situação de indigência e dois milhões estavam desempregados. Dos 18,7 milhões
de trabalhadores, a metade estava no campo, área
bastante atingida pelos bombardeios. A Itália, em
1945, era um país destruído. Joel Silveira esteve
lá, viu, com olhos de ver, e escreveu:
“Nas idas e vindas do meu jipe por dezenas
de povoados e cidades do litoral e do centro italianos, tenho contemplado espetáculos que dificilmente poderão ser esquecidos. É toda a tragédia de um povo aniquilado pela guerra, faminto, esfarrapado, um povo que, ao contrário das
várias outras nações que vão sendo libertadas
pelos aliados, não enxerga no futuro qualquer
esperança amiga. Todos os erros e traições do
fascismo estão agora ressurgindo em sofrimentos atrozes e o fascismo cometeu tantos crimes
na Itália que muitos deles ainda não são conhecidos dos próprios italianos.”
a V Settimana della Lingua italiana nel
Mondo si avrà dal 21 al 28 ottobre a Rio
de Janeiro. L’evento sarà realizzato presso il
Planetário da Gávea, nella zona sud. A San
Paolo, la “Settimana” sará dal 21 al 1º novembre, presso la sede dell’ Istituto Italiano
di Cultura, in Rua Frei Caneca, 1071. Il progremma completo si trova nei siti internet:
www.iicrio.org.br e www.iicsp.org
Rio de Janeiro:
Apertura della Settimana della Lingua Italiana con lo spettacolo “Planetario Brecht
– La vita di Galileo Galilei”.
Data: 21 ottobre alle 19.00
Dove: Teatro Planetário - Rua Padre Leonel
Franca 240, Gávea – tel: 22747722
Tavola rotonda sul tema: “La lingua italiana tra
narrativa e cinema dagli anni settanta ad oggi”
con il Direttore dell’IICRIO, Franco Vicenzotti.
Data: 24 ottobre alle 18.00
Dove: Sala Italia – Avenida Presidente Antonio Carlos, 40 - 4º piano – Centro
Spettacolo musicale “Le parole cantate che lingua parla la canzone italiana?” di
Paola Contavalli.
Data: 27 ottobre alle 18.30
Dove: Sala Itália – Avenida Presidente Antonio Carlos, 40, 4º piano - Centro
San Paolo:
Apertura della Settimana della Lingua Italiana - Conferenza con la Profª Drª Maria
Betânia Amoroso (UNICAMP), autora dos livros A Paixão pelo real - Pasolini e a crítica
literária e Pier Paolo Pasolini.
Data: 24 ottobre alle 19.00
Dove: Istituto Italiano di Cultura di San Paolo – Rua Frei Caneca, 1071
Conferenza
Incontro com lo scrittore Ermano Cavazzoni
– Literatura e Cinema dos anos 70
Data: 31 ottobre alle 19.30
Dove: USP Prédio de Letras - Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 – Cidade Univ.
Mussolini, Clara Petacci e os facistas mortos.
Uma página virada na história da Itália
COMUNITÀ ITALIANA
/
OUTUBRO 2005
Ernane D. Assumpção
Como escreveram correspondentes de guerra,
dentre os quais Joel Silveira, Rubem Braga e
Curzio Malaparte, a cena mais trágica da guerra
na Itália foi o desespero de pais, que para salvar um número maior possível de filhos vendiam
uma de suas crianças aos soldados americanos e
ingleses em troca de alimentos, roupas ou medicamentos. Não há registro disso em nenhum
documento de guerra. Por motivos óbvios. Quem
viu, cala-se, por vergonha, dor, ou simplesmente
para sublimar de vez tortuosa memória. O mundo
entende. Acho que entende. Mas as novas gerações não merecem o silêncio. Precisam saber o
que aconteceu para que tragédia nessa inaceitável proporção de intolerância e desprezo ao ser
humano não se torne uma triste dialética.
– Realmente a fome e a miséria decorrentes
da guerra provocam uma decadência moral sob
todos os sentidos. Sobre o comércio de crianças
isso se deu principalmente em Nápoles, ver ‘La
pelle’, de Curzio Malaparte. Via de regra as prestações das prostitutas – e isso foi um fenômeno
de todas as cidades italianas – eram pagas em
cigarros. A tarifa ia de 5 a 10 unidades – remexe
Coen as lembranças.
Mas o italiano é um dos povos que mais enaltece a imagem da família. Maculá-la seria uma
transgressão imperdoável. Luperi, que nunca presenciou cenas de venda de crianças, indigna-se.
Ele reconhece, contudo, que até nas boas famílias
há os fracos de espírito. Quem não se recorda da
alcoólatra e prostituída pelos fascistas e nazistas
em “Roma, cidade aberta”, de Roberto Rosselini,
irmã de Pina, interpretada pela genial Anna Magnani, personagem principal do filme?
- Estes, não são italianos. Não acredito que
tenha acontecido isso, mas sabe o que acontece, né? Esse tipo de mulher fica do lado de onde
havia dinheiro e comida – diz Luperi. As “irmãs
e irmãos de Pina” existiram.
A historiadora Luciana Facchinetti confirma
que a prostituição foi comum durante a guerra,
mas desconhece registros de venda de crianças e
tampouco de que era algo corriqueiro nas cidades devastadas pelas batalhas.
– Não creio que tenha sido uma prática comum. Há depoimentos de prostituição, moças
vendendo o corpo em troca de alimento para a
família. Está escrito nos livros da história italiana. Não omitiram nada.
Cel. Amerino Raposo Filho
O MAIS TRISTE
Cultura
Musica nelle chiese porta
Serenata Trio a Rio
I
n omaggio ai 200 anni dalla morte di Luigi
Boccherini – un compositore italiano che
ha vissuto a metà Settecento – il programma Música nas Igrejas a settembre ha presentato, nel convento di Santo Antonio a Rio de
Janeiro, il trio di corde italiano Serenata Trio.
Secondo l´Istituto Italiano di Cultura di Rio, che
ha avuto l’appoggio del Comitato Italiano di Musica, hanno partecipato circa 600 persone.
Formato da Ilaria Cusano e Simone Briatore
al violino e Emanuele Silvestri al violoncello, il
Serenata Trio è sorto dalla volontà dei solisti di
perfezionare la vocazione per la musica classica.
In parallelo a questa carriera, i musicisti suonano in veste di collaboratori fissi o occasionali in
famose orchestre di musica da camera. Il trio ha
già ricevuto premi nazionali e internazionali.
Secondo Emanale, in Italia ci sono due tipi
di pubblico: uno che va a vedere chi c’è, un altro
a cui veramente piace, capisce o vuole capire la
musica classica. Ma quando gli si domanda cosa
ne pensano del pubblico latino – il Trio ha già
Nayra Garofle
toccato il Cile, l’Uruguay, l’Argentina e ha completato la sua tournee in Brasile – i tre hanno
subito risposto:
– Il pubblico di qui è più simpatico e caloroso!
Secondo la violinista Ilaria, malgrado in Brasile non ci sia l’abitudine di realizzare presentazioni in chiese – quando invece in Italia succede proprio il contrario – alle persone sembra
piacere molto.
Questa è stata la prima presentazione del
Trio in Brasile, ma i tre musicisti erano già stati
qui per presentazioni individuali. Il 25 è stato
il turno degli abitanti di San Paolo, che hanno
ricevuto il Trio sul terrazzo del Museu da Casa
Brasileira, che fa parte del progetto Musica nei
Musei. A Rio de Janeiro, i solisti hanno avuto
una brutta esperienza: durante una passeggiata
all’Aterro do Flamengo, il trio è stato avvicinato
da un ladro che gli ha portato via la macchina
fotografica, dove c’erano tutte le foto della tournee in America Latina.
Intervista
Società
‘sotto
controllo’
Giordano Iapalucci
S
Fotos: Andrea Lombardi
i è svolto a Rio de Janeiro, alla UFRJ (Facoltà di Lettere), il I Simposio
Internazionale di Lettere Neolatine. Il tema centrale da cui si è dipanato
tutto il convegno, portava come figura principale quella dello spagnolo
Miguel de Cervantes Saavedra, autore del romanzo “Don Chisciotte della
Mancha”. La scelta del Brasile come sede la dice quindi lunga sull’importanza e sul ruolo di centralità che il Brasile rivolge all’interno della cultura
e delle lingue neolatine. Dal 26 al 30 settembre scrittori, studiosi, professori e ricercatori di lingue e letterature neolatine hanno discusso sulla centralità e sull’influenza dello scrittore spagnolo nella stessa letteratura neolatina. Per quanto riguarda la
presenza italiana l’Istituto Italiano di Cultura di Rio insieme alla UFRJ hanno invitato la scrittrice Ippolita Avalli. Milanese di origine, ma residente a Roma, la Avalli
è portatrice di una sensibilità e intellettualità rivolta sopratutto, ma non solo, ad
una sociologia moderna di stampo femminile. Oltre ad aver collaborato con Federico
Fellini al film La città delle donne si ricordano tra i suoi romanzi Aspettando Ketty
(1982), La Dea dei baci (1997) – che è arrivato ad essere finalista al premio “Strega” – e “Nascere non basta” (2003).
34
Comunità Italiana- In che maniera si collega la tua presenza al I Simposio
Internazionale di Lingue Neolatine di Rio?
Ippolita Avalli - I miei scritti hanno attinenza con Don Chisciotte, poiché il mio
primo libro importante, che è “Aspettando Ketty”, del 1982, è la storia di una picara. Ora il personaggio spagnolo non è un picaro, ma un cavaliere errante. Però,
la letteratura cavalleresca alla quale il personaggio di Cervantes fa riferimento si
appoggia su una tradizione della letteratura cavalleresca di cui uno degli aspetti
più importanti era la letteratura picaresca. Anche negli autori pre-Cervantes si
raccontavano storie di personaggi morti di fame, orfani e che comunque nascevano da un destino avverso e che andavano per il mondo cercando di legare il
proprio personaggio nel nome dell’avventura. Quindi, tra il mio personaggio e
quello di Cervantes, vi è quello dell’attraversamento di innumerevoli storie come
amori, morti, duelli ecc. Io non sono partita con il fare un romanzo picaresco.
In realtà ho scoperto dopo di aver scritto un romanzo picaresco contemporaneo,
che tra l’altro è anche una cosa abbastanza interessante visto che il picaro ha
un elemento fondante, che è quello del viaggio.
C.I. – Com’è cominciato e com’è il tuo rapporto con la letteratura?
Avalli - La letteratura è tantissime cose. Si potrebbe dire che la letteratura è
tante cose quanti sono gli scrittori che la scrivono in tutte le parti del mondo.
Definirla è una impresa impossibile, sarebbe una definizione sfuggente. Esistono diversi atteggiamenti rispetto alla letteratura. Uno di questi, che per me è
uno dei più importanti, è l’idea o la necessità che la letteratura sia qualcosa
che sveglia, che colpisce che rivoluziona, che mette in subbuglio e che serve ad
invertire e cambiare l’ordine statico e stabile delle cose. In questa dimensione
della letteratura anch’io sono sempre alla ricerca di una condizione nella quale,
alla conclusione di un libro, non sono più la stessa di quella che ero prima di
incominciare quel libro. Anche la letteratura che amo leggere è una letteratura
che rivoluziona, che cambia.
C.I.- Non è forse anche l’obiettivo di chi legge un libro mettersi in un certo
senso in gioco e vedere quali verità l’autore, secondo il suo modo di vedere,
vuole trasmettere?
Avalli - Sì, ma non sempre lo scrittore ha questo tipo di obiettivo. Vi è anche una
letteratura di pura evasione e di puro piacere, che è anche un’ottima letteratura.
Nella mia letteratura, vi è questa richiesta di mettersi in gioco anche per un senso
etico-morale e politico molto forte. Quello che cerco è di sconvolgere e scardinare i
luoghi comuni che vanno al di là del dato ed ha a che fare con i grandi interrogativi
COMUNITÀ ITALIANA
/
OUTUBRO 2005
della vita che poi sono sempre gli stessi e che non
sono cambiati dall’età della pietra fino ad oggi.
Sono quegli interrogativi per i quali non riusciamo ancora adesso a trovare delle risposte, cioè sul
senso della vita. Anche quando andremo su Marte
sarà molto difficile. Potremo vedere la terra sotto
un’altra angolazione, ma non cambierà nulla. Visto
che è impossibile accedere al senso unico ed assoluto della vita è bene fermarsi ai sensi relativi. E
allora lì, ognuno, a seconda dei suoi talenti, delle
sue possibilità, riconosce dei limiti, e all’interno
di questi cerca di fare del proprio meglio. Questa
è la condizione umana per eccellenza. Poi ci sono
quelli che all’interno di questi propri limiti fanno
del proprio peggio. E ce ne sono parecchi.
C.I. - Per ritornare ai tuoi romanzi...
Avalli - Da quasi 10 anni sto lavorando sullo stesso personaggio femminile. Nella trilogia, il primo
libro, La dea dei baci, è una lettera al padre, il secondo volume, Nascere non basta, è una lettera al
mondo e l’ultimo che sto scrivendo è una lettera
al figlio. Dentro vi è la mia idea che è quella della
fine del padre come figura nella nostra società industriale. Il padre è una figura che non esiste più
come colui che dà la regola, come figura di riferimento. Questo perché, in qualche modo, al padre è
stato sostituito il sociale che alla fine non tiene.
C.I.- Questo per mettere in risalto che comunque la figura del padre rimane pur sempre importantissima?
Avalli - Sì, assolutamente. Ovviamente non parlo
del padre padrone. Ma dire che la figura del padre è importante è dire una cosa che non ha più
senso perché il padre non c’è più. E chissà quanto ancora durerà la figura della madre. Cioè, nel
momento che entreremo in una dimensione della
clonazione non esisteranno più i genitori. L’uomo
sarà completamente abbandonato a sé stesso e
purtroppo, secondo me, alienato a sé stesso. Siamo in una società in continuo movimento, ma è
un movimento che presuppone alla continua perdita. Non esiste più il tempo di elaborare questa
continua perdita. Quello che facciamo noi nella
società post-industriale e post-capitalista è continuare ad avanzare senza più guardare indietro,
senza riuscire a fermarsi. E non c’è più tempo di
elaborare nulla. Io per fortuna vengo da una civiltà contadina dove c’erano dei riti, dove la stessa
società era strutturata in ruoli umani.
C.I. – In questo senso si colloca l’importanza
dei tempi di riposo intesi sia nell’ambito rurale quanto in quello umano di cui ha parlato
qualche tempo fa?
Avalli - Sì, esatto. I tempi di riposo corrispondono ai tempi morti dell’opera creativa. Se non ci
sono non c’è il tempo di lasciare che quello che
bolle sotto emerga. Il tempo di riposo non esiste
perché è tutto sotto controllo. Se dovessi dare
una definizione dell’epoca contemporanea direi
che è “l’epoca del controllo”. Non sto parlando del
“Grande Fratello” (BBB) che poi lo potrei definire “controllo naïf”. Si tratta invece di un controllo parcellizzato che ormai non dipende più dalle
piccole situazioni esterne, ma anche da noi stessi.
Quando tu cammini e trovi degli enormi cartelloni
per strada dove è scritto: “se cammini sulle corsie
degli autobus meno due punti della patente, se
passi con il rosso meno 5 punti della patente, fumare ti uccide ecc”. Sono tutti divieti e ti dicono
che sono fatti per il tuo bene. In realtà, a livello
OUTUBRO 2005
/
‘Ci siamo venduti
al controllo
globalizzato e non
sappiamo fare più
nulla da noi stessi’
psichico funzionano come delle interdizioni che ti
tolgono la possibilità di esprimerti liberamente e
alla fine operi su te stesso un controllo e ti muovi in ottemperanza a tutti questi divieti. Stiamo
diventando degli automi, come dei cloni. Stiamo
vivendo uno inscatolamento. Tutte le fotocellule
dei supermercati, delle banche, il telefonino fanno sì che io non sia più libero dei miei movimenti.
Io sono sotto traccia costantemente anche quando il mio cellulare è spento. Questo significa che
non siamo più esseri umani, ma numeri: di carta
di credito, di cellulari, di passaporto ecc. In realtà
di quello che tu senti, provi e sei non gliene frega
a nessuno. Per la società sei solo uno che produce
tot. L’essere umano, in realtà, non c’entra niente
con tutto questo. Noi ci siamo venduti al controllo globalizzato e non sappiamo fare più nulla da
noi stessi. Le nostre funzionalità sono tutte frammentate, tutte affidate. C’è stato l’esproprio delle
capacità umane. Adesso siamo in una situazione
in cui si creerà una razza perfetta, non si capisce per chi, in cui verrà fuori il perfetto pollo da
batteria che non si ribellerà neanche più alla condizione di pollo da batteria. Metteranno due persone insieme facendogli credere che è meglio per
loro che decidano di che sesso vogliono il figlio,
che colore degli occhi, della pelle ecc. Non si farà
neanche più l’amore, ma si andrà in un laboratorio e ci chiederanno: “come lo volete?” allora tutti vorranno un figlio che non rompa le palle, non
contestatore, nell’illusione che la garanzia della
felicità sia l’eliminazione dei problemi. Ma non è
cosi. Si cerca sempre di sfuggire ai contrasti. Ma il
dissenso fa parte della vita. Tutto ciò che impariamo lo apprendiamo da ciò che non funziona non
da quello che funziona. Nelle cose che non vanno
bene cresce la forza e ci rafforziamo sulle battute
COMUNITÀ ITALIANA
d’arresto. Il controllo parte dal presupposto che ti
fanno credere che non sei più in grado di badare a
te stesso. Si regalano cellulari a ragazzi di 6 anni
dichiarandoli oggetti di difesa con il risultato di
immettergli un messaggio pericolosissimo che è
quello di non contare su sé stessi.
C.I. – Si parla spesso del silenzio degli intellettuali. Che si siano assuefatti anche loro in tutto
questo processo di controllo e appiattimento?
Avalli - Io la mia parte cerco di farla. Ma che
vivo una situazione di difficoltà è innegabile.
Quello che ci manca di capire è che non siamo
una parte separata dal mondo. Ognuno ha bisogno degli altri. Quindi penso che il “silenzio”
degli intellettuali in tutto il mondo viene dal
fatto che la cultura non ha più il primato, quella grande forza persuasiva e anche comunicativa
delle menti e dei sentimenti degli esseri umani
che aveva nel rinascimento italiano. A chi interessa quello che ha da dire un intellettuale?
C.I. – Sei considerata una scrittrice con un
forte accento femminista. Mi interessava sapere la tua opinione riguardo ad un argomento molto attuale in Italia: i Pacs (Patti civili
di solidarietà) sia quelli riguardanti le coppie
di fatto eterosessuali che omosessuali.
Avalli - Sono assolutamente d’accordo ai Pacs. È
sbagliato pensare che siano qualcosa che erode il
principio del matrimonio. Vi è stata una posizione
molto decisa della Chiesa che onestamente penso
si dovrebbe fare un po’ i fatti suoi su questa cosa.
Il termine religione deriva da religo che significa
unire [sic]. Invece qui mi pare che si stia facendo
tutt’altro. Le leggi dovrebbero essere fatte dalla
base, a seconda delle esigenze della base. Se vi è
un’esigenza di una parte della popolazione dello
stesso sesso, che sia grande o piccola, non dipende dal numero, di mettere insieme beni o quello
che possesso in una condivisione di fatto non vedo
perché non riconoscerla. In fondo è già in atto.
C.I. – Per tornare alla perdita della figura del
padre, ritieni che l’affidamento di un bambino
ad una coppia esclusivamente femminile possa ancor più velocizzare questa scomparsa?
Avalli - Penso in ogni caso che la figura del padre non esiste più e anche quella della madre
ha il tempo contato. L’uomo è portatore di una
diversità rispetto alla donna, ancora adesso.
Quindi è necessario che un bambino possa usufruire di entrambe le figure. Non voglio dire che
il bambino non possa essere messo in una casa
dove vivono solo maschi o solo femmine. Però,
a questo punto, sento l’esigenza di proporre
una terza persona. In una situazione per esempio di una coppia gay di maschi che adottano
un bambino, io metterei conditio sine qua non
una figura femminile nella casa: una zia, una
nonna: una persona a cui il bambino possa riferirsi
come figura femminile. È importante che sia la
figura maschile che quella
femminile siano presenti
nella crescita
di un bambino.
35
Stile
evival
dos
GAFFE E ‘SCHERZETTI’
La sera della finalissima è stata piena di sorprese
(e gaffe), a cominciare dalla presenza del cantante Eros Ramazzotti, per diletto del pubblico e
delle miss, anche se Vasco Rossi era il preferito
delle ragazze, secondo il sondaggio di opinione.
Eros ha sceso le scalinate del Palazzo a ritmo
Il ‘bicampionato’ del
Piemonte
La bella Edelfa è stata eletta in un evento
fin cui è successo di tutto: barzellette,
star di Hollywood e, è chiaro, gaffe
Guilherme Aquino
Corrispondente • MILÃO
M
accelerato e, una volta sul palco, ha preso il microfono e ha detto “Buona sera, Milano” e poi si
è corretto: “Buona sera, Salsomaggiore”.
Lapsus o ironia? Non importa, lui ha presentato una canzone inedita del suo prossimo CD,
“La nostra vita”, e ha mandato un messaggio a
tutti: “La famiglia al primo posto”, ha chiacchierato con qualche miss, ha risposto a domande e
– a missione compiuta – se n’è andato.
Anche il presentatore Carlo Conti ha osato
fare un giochetto con l’attore Bruce Willis. Gli
ha fatto vedere una serie di cartoline con fotomontaggi in cui i due sembravano avere una
vecchia amicizia, sin dai tempi dei banchi di
scuola. Carlo Conti che pescava con, diciamo,
l’amichetto Bruce Willis, pedalando, andando al
mare a Rimini.
Anzi, Rimini potrà essere una delle prossime città candidate ad essere la sede del
concorso di Miss Italia. I costi, all’incirca 1
milione e 500mila euro, hanno pesato molto
sul preventivo della piccola città di Salsomaggiore. Di questo totale, 450mila euro sono
andati nelle tasche della star di Hollywood
come compenso – che è arrivato accompagnato da 18 guardie del corpo –, secondo alcune
indiscrezioni. Per la prima volta, una star del
show-business ha partecipato all’elezione di
Miss Italia.
Luciana Bezerra dos Santos*
N
a vitrola, o rock “água-com-açúcar” de
Rita Pavone ou o blues de Janis Joplin?
Tanto faz. O que importa é que ambas
cantoras - com estilos bastante antagônicos - ditaram o comportamento de muitas menininhas na década de 1960. A turma das passarelas de Milão não titubeou. E a primavera-verão
2006 vai seguir essa linha.
Depois de Londres, Paris e Nova York, a semana
da moda feminina de Milão (Milano Moda Donna)
fez estremecer as passarelas do mundo fashion no
final de setembro e início de outubro, na Itália.
Dentre as 240 coleções, que apresentaram a moda
primavera-verão 2006, estavam as famosas Pucci,
Prada, Giorgio Armani e Gucci, Alberta Ferretti e
Dolce&Cabbana e Empório Armani.
Os anos 60 e o branco virginal inspiraram Alberta Ferretti na sua coleção “Philosophy”, enquanto
Dolce & Gabbana, com a marca “D&G”, também
apresentou uma coleção nostálgica, com trajes juvenis e corte linear, ao estilo da famosa modelo
andrógina Twiggy, no melhor estilo hippie.
Ferretti incorporou Janis Jooplin e alternou
seus desenhos com tons pastéis, azul celeste,
amarelos claros e areia, combinado-os com listras gráficas e delicadas - a cantora adorava estes tons. Sedas e algodões crus foram amarrados
em alegres fitas e laços.
Os estilistas D&G também se deixaram seduzir pelo branco, que combinam com peças em
jeans, como as calças curtas tão apreciadas por
jovens de todos os continentes.
Tanto os vestidos longos quanto os curtos
parecem saídos do armário da vovó ou de depósitos de grandes marcas. As roupas masculinas também parecem sair de outra época, com
jalecos trabalhados. Os trajes de noite ou para
coquetéis são mais rebuscados.
A marca Emporio Armani apresentou um estilo leve e descomplicado para o próximo verão.
No entanto um rebuscamento foi mantido nas
saias plissadas e nos tecidos leves com efeitos.
Trajes bem cortados e cinturados com colarinho redondo descartaram a volta do habitual smoking.
Giorgio Armani misturou efeitos óticos em sua
coleção: xadrez, pontos pretos e brancos, listras e
uma linha enriquecida por ondas, franjas e detalhes esvoaçantes. Lembra ou não Rita Pavone?
- O rigor tende a aplanar tudo, a se repetir
- afirmou Giorgio Armani ao apresentar sua coleção. – Os detalhes esvoaçantes são, no fundo,
o detalhe feminino por excelência - compeltou o
famoso estilista, cujo elogiado estilo, que nasce
do rigor, acaba introduzindo ricos detalhes.
Cavalli apresentou uma coleção dominada
por seus tradicionais tecidos étnicos e psicodélicos em mini-vestidos só possíveis de usar nas
discotecas, em parte já conhecidas. (Com agências internacionais)
GUCCI
Fotos: Divulgação
ilão – Miss Italia si chiama Edelfa erano presentate in rapidi videoclip durante i
Chiara Masciotta, è nata a Torino, programmi televisivi di RAI 1, e poi selezionate
ha 21 anni e studia giurispruden- via televoto.
Soltanto le prescelte con questo sistema saza. L’eletta ha ricevuto la corona
con 2540 diamanti dalle mani dell’astro di Hol- rebbero arrivate alle tre notti eliminatorie e alla
lywood Bruce Willis, padrino del concorso e del grande finale, responsabile per un audience di 9
corpo dei giurati. Si è fatta giustizia. La ragazza milioni di persone, o il 47% dei televisori accesi
ha difeso bene la sua bellezza – tipo acqua e sa- in tutto il paese.
Delle 25mila candidate iscritte all’inizio
pone – e simpatia e ha conquistato il titolo di
più bella d’Italia per il Piemonte per la seconda del concorso, soltanto 101 hanno sfilato sulla
volta di seguito. Bruna e con gli occhi verdi, un passerella del Palazzo del Congresso, a Salsometro e 76, juventina di tutto cuore – che ha già maggiore. Alla fine, una miss sfidava l’altra e, a
un proprietario, un architetto – si è disfatta in coppie, via via presentavano le loro doti fisiche
lacrime quando ha sentito il suo nome annuncia- e intellettuali al pubblico dall’altra parte dello schermo. Non sono
to dal presentatore Carlo Conti.
Il verdetto non ha trovato resistenze da mancate proteste contro
parte del pubblico, che ha applaudito molto. E la squalifica di alcune
adesso, oltre che le sale imponenti dei tribunali, beltà. La decisione del
l’aspetta una carriera nel mondo del show-busi- pubblico tele-elettore,
come l’ha chiamato il
ness delle ricche campagne pubblicitarie.
- Sono molto emozionata, non speravo di vin- presidente della giuria
cere, non so cosa dire. Sono una ragazza semplice, Loretta Goggi, andava
che si emoziona facilmente e che ha tanta voglia sempre “in direzione
di aiutare il prossimo – ha detto – disfacendosi in contraria” alle valutalacrime – la Miss Italia ai giornalisti subito dopo zioni tecniche. Ma anla pioggia di pezzetti di carta sul palco. Il bello che così le due finaliste,
di Hollywood non ha risparmiato complimenti al- Edelfa, del nord, e la
bella bruna Anna Munala beltà mentre le metteva la fascia:
- Tu sei veramente la più bella di tutte – le fo, siciliana, hanno rappresentato la bellezza
ha detto Bruce.
L’elezione della musa italiana ha coronato italiana mediterranea,
con esito una lunga competizione, che ha coin- che si riscontra nel paeO público se deleitou com obras de cerca de 500 artistas
Nuova miss riceve la corona festeggiata dalle concorrenti
volto i telespettatori fin dall’inizio. Le ragazze se da cima a basso.
Moda italiana primavera-verão 2006
entre Woodstock e Rita Pavone
Fotos: Ansa
Le ragazze erano
presentate in
rapidi videoclip
(...) e selezionate
attraverso
il televoto
Moda
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COMUNITÀ ITALIANA
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OUTUBRO 2005
GUERRIERO
OUTUBRO 2005
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COMUNITÀ ITALIANA
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Sapori d’Italia
Ana Beatriz Bonadiman (ESPECIAL PARA COMUNITÀ)
Pausa alla pasta.
Ora della moqueca
Conosciuto come uno degli stati con
maggior influenza italiana, l’ES ha anche
un pesce servito nella pentola di coccio
che è … per le buone forchette, “sô”!
G
uarapari (ES) – Che in terra capixaba ci siano molti discendenti di italiani non ci sono dubbi. Che da quelle
parti si apprezzi un buon piatto di pasta, pure. Ma la
culinaria popolare dello stato di Espirito Santo è conosciuta grazie ai piatti a base di frutti di mare, mettendo al primo
posto le tradizionalissime muquecas e torte capixabas, così come
i piatti fatti con granchi di mare e di terra. Famosa internazionalmente, la muqueca capixaba è il piatto che rappresenta il folclore
dello stato di Espirito Santo. Il nome “muqueca” ricorda lo stile di
preparare gli alimenti che consistono nella cottura senza acqua,
soltanto con le verdure e i frutti di mare.
È importante ricordare che, al contrario della muqueca baiana,
quella capixaba non usa olio di dendê e neanche latte di cocco.
Di origine indigena, e in origine fatta su una griglia di stecche
o soltanto di foglie di alberi coperte da cenere calda, la muqueca
è oggigiorno fatta in una grande pentola, di preferenza la tradizionale pentola di coccio, prodotta artigianalmente dalle famose
“paneleiras”, discendenti da indigeni e neri.
Il piatto, che vanta una tradizione di oltre 400 anni, riunisce tratti propri dello Espirito Santo che sono indigeni, africani
e portoghesi.
Gli indigeni hanno contribuito con l’urucum, che gli dà il bellissimo colore rossastro e un sapore speciale. Gli africani gli hanno dato un pizzico in più, nell’aggiungere il peperoncino e il coriandolo,
che fanno sì che la muqueca abbia un sapore che invita a mangiarne
sempre di più. I portoghesi, con la loro tradizione legata a millenni
di pesca, hanno contribuito affinché il pesce subisse una preparazione prima della cottura, condendolo con limone, aglio e cipolla.
SOSTEGNO PER MOLTA GENTE
Di facile digestione, oltre ad essere un’attrazione dello Stato, la
forza di questa culinaria muove non soltanto ristoranti e bar, ma
serve anche da sostegno a molte famiglie. I pescatori, cuochi e
“paneleiras” che vivono di questa cultura di generazione in generazione sono molti.
Chi comanda da 20 anni il famoso ristorante “Cantinho do Curuca”, a Guarapari (ES), è Jailton Nascimento, insieme alla moglie,
ai figli e al nipote. Il ristorante, il cui nome si rifà alla deposizione
delle uova di pesce, è sinonimo di eccellente opzione di passatempo, dovuto alla sua qualità e localizzazione e viene citato in
diversi itinerari gastronomici in Brasile.
- Il successo della casa è dovuto alla nostra famiglia, che lavora
unita, e alla varietà di pesci meravigliosi che abbiamo sul nostro
litorale – dice Anderson Nascimento, nipote e gestore del “Cantinho do Curuca”.
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Moqueca Capixaba
Ingredienti:
- 2 kg di trance di pesce
- 3 spicchi d’aglio
- Succo di limone
- 3 cucchiai di olio d’oliva
- 2 cipolle grandi a pezzetti
- 6 pomodori tagliati a cubetti
- 3 cipolline verdi a pezzetti
- 4 gambi di coriandolo
- 5 cucchiai di salsa di urucum
- Sale e pepe quanto basta
Preparazione:
Condite le trance di pesce col sale, l’aglio schiacciato, il succo di limone
il pepe. Ungete una pentola di coccio con l’olio, sistemate le trance già
condite (l’ideale è che le trance non rimangano una sull’altra). Mettete
tutti i condimenti, innaffiate con tintura di urucum per dare colore.
Mettete in forno la pentola con il coperchio. Quando comincia a bollire,
controllare il sale. Non girate le trance e cucinate con il coperchio,
scuotendo la pentola ogni tanto per evitare che il pesce si attacchi sul
fondo. Lasciatela in forno per 20 o 25 minuti.
Salsa di Urucum
50 g di semi di urucum
250 ml di olio
In una pentola, mettete l’olio e l’urucum, mettetelo a bollire e quando
il miscuglio diventa ben rosso, toglietelo dal fuoco. Lasciate freddare e
passatelo in un passino. Fate attenzione affinché non bruci l’olio.
Nota: servite la moqueca con pirão, riso e una buona salsa di peperoncino.
Per quanti: quattro persone.
SERVIZIO: CANTINHO DO CURUCA
AVENIDA SANTANA, Nº 96, MEAÍPE, GUARAPARI – ES
TEL – (27) 3272-1262
COMUNITÀ ITALIANA
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OUTUBRO 2005
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